Folha de S. Paulo


Sonho italiano

HÁ MUITO TEMPO o Alfa Romeo 2000 GTV, produzido entre 1971 e 1976, está na minha lista de carros que um dia gostaria de ter na garagem.

De cara, é fácil se apaixonar pelas curvas desenhadas por Giorgetto Giugiaro ("autor" também de outras Alfas e lendas como BMW M1, Lotus Esprit e DeLorean DMC-12) no estúdio Bertone.

As saliências nos para-lamas, além de bonitas ajudam o motorista a saber onde termina o carro.

E o interior? É um espetáculo à parte, com direito a encosto de cabeça com estrutura em madeira.

A posição do câmbio mais à frente e mais próxima ao volante, permitindo trocas mais rápidas, é outro charme.

Há um certo fetiche, pelo menos para mim, em ter a instrumentação em italiano. Só de ler "acqua", "benzina" e "olio" já me sinto em um autêntico esportivo italiano.

A tração traseira é impulsionada por um motor em alumínio, de duplo comando, com cabeçote de câmaras hemisféricas e dois carburadores. Os freios são a disco nas quatro rodas. O projeto é perfeito.

Não adianta me falar que carro italiano não é confiável como alemão, que GTV enferruja com facilidade, que a elétrica não presta e que o espaço atrás é apertado até para uma criança. Eu quero um desses.

Venho acompanhando o mercado desse carro e já vi que demorei demais para comprar um. O preço do Gran Turismo Veloce duplicou nos últimos quatro anos e pode subir ainda mais.

Vieram muitos desses automóveis para o Brasil, mas muitos deles acabaram destruídos em corridas.

Os que estão no mercado geralmente estão ruins, e a reforma desses carros é caríssima, pois as peças são caras e, muitas vezes, raras.

Quem tem uma boa ainda curte o carro e não pensa em vender.

É o caso do antigomobilista Fernando Eugenio Filho, dono de uma 1974, nunca reformada.

Até a pintura é original. Ele é o segundo dono do carro, que tem somente 44 mil km. Ele jura que o cinzeiro e o banco de trás nunca foram usados.

"No antigomobilismo, um carro do mesmo modelo e ano pode ser caro por R$ 50 mil ou barato por R$ 100 mil", teoriza Eugenio.

Comparando o Alfa Romeo GTV dele com os que eu encontrei à venda nos últimos anos, concordo totalmente.

Denis Cisma/Folhapress
Fernando Eugenio Filho e sua Alfa Romeo 2000 GTV ano 1974, nunca reformada
Fernando Eugenio Filho e sua Alfa Romeo 2000 GTV ano 1974, nunca reformada

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