Folha de S. Paulo


O "Tatra"-avô do Fusca

Quando encontramos um Fusquinha na rua, imediatamente abrimos um sorriso, lembramos do avô, do tio ou do vizinho que tinha um da mesma cor. Não há quem não tenha uma história com ele.

O que muita gente não conhece é o início todo torto do simpático carrinho.

A criação do Fusca foi um pedido pessoal de Adolf Hitler para Ferdinand Porsche em 1934.

O führer considerava a retomada da economia e o aumento do consumo como maneiras de conquistar o apoio do povo em uma futura militarização da Alemanha. Para isso, precisava lançar um carro pequeno, barato e resistente.

Hitler havia dirigido um Tatra em visitas de estado na Checoslováquia e se tornou fã da marca.

A tcheca Tatra estava à frente do seu tempo, utilizando conceitos aerodinâmicos de Paul Jaray, designer que trabalhou na Zeppelin. Em 1933, sob a direção do gênio da engenharia Hans Ledwinka, a empresa criou o protótipo V570.

O carro era pequeno, possuía motor traseiro a ar com cilindros opostos e formato aerodinâmico.

Divulgação
 O T87 incluía até as famosas setas
O T87 incluía até as famosas setas "bananinhas"

No entanto, o protótipo nunca foi produzido. A Tatra já vendia, e bem, um carro popular na época.

A empresa resolveu usar o conceito do V570 em um veículo de luxo: o Tatra 77, lançado em 1934 durante o Salão de Praga. O T77 passou a ser o primeiro carro aerodinâmico produzido em série. Usava um motor 3.0 V8 a ar, traseiro. Tinha chassis sem longarinas, sustentados por um túnel central muito parecido com o que seria usado no Fusca. O modelo posterior, T87, incluía ainda as famosas setas "bananinhas".

As semelhanças com o Fusca eram tantas que a Tatra moveu uma ação de patentes contra a Volkswagen. O processo foi interrompido quando a Alemanha invadiu a Checoslováquia.

A ação foi reaberta apenas em 1961, quando a VW pagou 3 milhões de marcos alemães em um acordo com a Tatra, provando que as semelhanças não foram meras coincidências.


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