Folha de S. Paulo


A arte da restauração

O americano Chris Bangle, conhecido por ter sido chefe de design da BMW, disse uma vez que o desenho de carros é uma forma de arte, uma escultura em movimento.

Sem entrar na discussão perpétua sobre o que é ou não é arte, a verdade é que não é difícil encontrar semelhanças entre automóveis antigos e trabalhos feitos por artistas.

Por serem raros e, muitas vezes, únicos, carros antigos são disputados em leilões e criam colecionadores apaixonados no mundo todo.

Em exposições, os veículos são admirados e ganham prêmios que elevam seu valor. Quando estão deteriorando-se, recebem uma minuciosa restauração, exatamente como as obras de arte.

Existem trabalhos capengas e fora dos padrões, com a mesma qualidade de serviço da idosa espanhola que restaurou uma pintura de Jesus e virou piada mundial.

Mas também existem restaurações "estado da arte", como aquelas feitas na R&E, uma oficina de restauração na Lapa, considerada por muitos colecionadores uma das melhores do país.

O proprietário Eduardo Lambiasi conta que a R&E começou como um hobby.

Apaixonado por carros, ele brincava de restaurar o carro do primo, um Morgan Plus 4 1952, quando conheceu seu sócio nas primeiras reuniões do Clube do MG de São Paulo, o americano Richard Flynn.

Também entusiasta de carros ingleses, Richard levou Eduardo para conhecer um MG desmontado na garagem do seu apartamento.

Uma cena que Eduardo lembra até hoje é a de Richard faceando a bomba de óleo na mesa de jantar, usando lixa e gasolina, enquanto sua mulher grávida assistia, perplexa.

A falta de espaço para o hobby levou a dupla a montar uma oficina, que neste ano completa 31 anos e centenas de carros restaurados, incluindo o Rolls-Royce Silver Wraith presidencial. Uma verdadeira obra de arte.


Endereço da página: