Folha de S. Paulo


Jardim vertical deve ser visto como complemento ao plantio de árvores

A utilização de jardins verticais em áreas urbanas ganha adeptos em muitas cidades do mundo, não somente como forma de deixá-las mais bonitas e atraentes, mas também pelos benefícios que proporcionam ao meio ambiente. Via de regra, paredes feias e malcuidadas são ambientes atrativos para vândalos.

Os sistemas de vegetação vertical produzem inúmeros benefícios econômicos, ambientais e sociais para os moradores das cidades. Eles purificam o ar, absorvem poeira, reduzem a poluição, produzem ar fresco ao consumir dióxido de carbono e restauram o oxigênio. Criam condições para que os pássaros construam seus ninhos e para que diversos tipos de insetos ali se abriguem, melhorando a biodiversidade. Ao mesmo tempo, sua capacidade de evapotranspiração pode controlar a temperatura no entorno. Esses sistemas reduzem as ilhas de calor urbano e o aquecimento global, enquanto oferecem uma visão agradável e estética para aqueles que estão à sua volta.

Os sistemas de vegetação vertical são divididos em dois tipos principais: fachadas verdes e jardins verticais.

Nas fachadas verdes, o meio de cultivo é colocado no chão e as plantas crescem verticalmente, a partir do solo, para cobrir a parede. Nos jardins verticais, o meio de cultivo são painéis colocados de modo a cobrir a superfície da parede, onde a vegetação é plantada.

As fachadas verdes são mais difíceis de implantar do que os jardins verticais. Esperar o crescimento suficiente das plantas, a partir do solo, para cobrir toda uma superfície leva tempo e, além disso, se uma das mudas for danificada ou morrer, a fachada inteira deve ser replantada. Por outro lado, os jardins verticais, por usarem painéis pré-vegetados, irrigados artificialmente e instalados numa estrutura presa à parede, embora com maiores custos, apresentam agilidade de implantação e facilidade de manutenção. Este é o sistema que está sendo usado na avenida 23 de Maio, em São Paulo.

Ambos os sistemas são eficientes na redução da temperatura das paredes onde estão instalados e, consequentemente, na melhoria das condições microclimáticas do entorno. Pesquisas realizadas na Universidade de Tecnologia da Malásia demonstraram que, nos períodos mais quentes do dia, os jardins verticais e as fachadas verdes podem reduzir a temperatura de uma parede, respectivamente, em 8°C e 6,5°C.

A redução da temperatura é uma das propriedades importantes das paredes verdes e dos jardins verticais sob o ponto de vista dos benefícios econômicos, uma vez que isso ajuda a reduzir a demanda e o consumo de energia para refrigeração dos espaços internos de edifícios.

Figuram ainda como importantes benefícios ambientais dos sistemas de vegetação vertical a capacidade de controlar o ruído e seu uso como barreira para interferência do som. Eles também são capazes de reduzir a reflexão sonora e, portanto, a perturbação causada pelos ruídos.

Plantar árvores ou vegetação vertical também tem sido foco de discussões no que se refere ao consumo de CO2.

Segundo pesquisadores da Universidade de Siena, na Itália, cada metro quadrado de sistemas de vegetação vertical pode absorver até 0,91 kg de CO2 por ano. A literatura técnica estabelece que cada árvore adulta, em média, pode absorver aproximadamente 20 kg de CO2 por ano. Portanto, sob o ponto de vista de sequestro de carbono, 22 metros quadrados de jardins verticais equivalem a uma árvore.

A utilização dos sistemas de vegetação vertical não é uma alternativa ao plantio de árvores, mas uma ação complementar do ponto de vista ambiental, com objetivos específicos, que deve ser aperfeiçoada e estimulada nas áreas urbanas.


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