Folha de S. Paulo


Setor imobiliário pode se beneficiar da expansão do comércio eletrônico

Segundo a associação de desenvolvedores imobiliários comerciais dos EUA, nos últimos anos, o comércio eletrônico cresceu no mundo todo a uma média anual de 18%, enquanto as vendas em lojas físicas cresceram apenas 1,3%.

O setor imobiliário comercial vem acompanhando de perto essa mudança de comportamento, com o aumento das compras pela internet. A maioria dos profissionais da indústria imaginou que o crescimento do comércio eletrônico resultaria na diminuição da demanda por espaço de varejo em shoppings e centros comerciais. Poucos previram as proporções que ganhariam as novas instalações destinadas à logística de distribuição dos produtos adquiridos pela internet.

O conceito de e-commerce e seus impactos vão muito além do varejo e do espaço industrial. Hoje, o comércio eletrônico parece ser uma fusão estratégica entre varejo, produtos e instalações industriais, tecnologia e dispositivos da internet, setores de transporte e logística, e sistemas de rastreamento de mercadorias. A complexidade desse tipo de atividade está apenas no início, e profissionais de todas as áreas estão lutando para se adaptar. Por natureza, o e-commerce é um conceito dinâmico e altamente integrado, e a identificação e compreensão de seus distintos elementos serão cruciais para a evolução saudável do mercado.

A expansão desse tipo de comércio mudará, definitivamente, a maneira como os bens são comprados e vendidos, bem como a forma como eles são transportados, armazenados e distribuídos. Os varejistas tradicionais estão diversificando os modelos de distribuição, enquanto muitos varejistas de comércio eletrônico estão crescendo exponencialmente e se expandindo para lojas físicas de demonstração. Os setores de armazenagem e logística estão inovando e se adaptando, a fim de ganhar e manter o domínio desse mercado.

Se o setor imobiliário dedicado às atividades industriais estiver apto a fornecer os tipos de instalações exigidos pelo comércio eletrônico, vai prosperar na próxima década. Mas não será tarefa fácil prever e entender essas exigências.

Não importa onde as compras são feitas. A primeira impressão de um revendedor acontece conforme o seu posicionamento na internet. Segundo o Google, "a nova vitrine é digital", ou seja, a apresentação do varejista torna-se cada vez mais importante para garantir o seu sucesso.

As compras tendem a se tornar uma ação multicanal, com o uso de pelo menos dois canais distintos, que podem ser catálogos, redes sociais, loja física, sites específicos para o e-commerce, entre outros.

Os consumidores não esperam só uma extensa variedade de opções para escolher produtos, mas também a garantia da entrega segura, eficiente e rápida, se possível, no mesmo dia da compra.

O ideal seria os varejistas se instalarem o mais próximo possível dos grandes centros, em locais de tamanho adequado e perto de vias importantes de circulação, mas isso pode trazer um aumento inviável de custos.

Por outro lado, a logística terceirizada, operando em espaços menores, mas localizados em centros regionais, aparece como forma de promover a desejada rapidez nas entregas. Esse pode ser um novo produto imobiliário, que tende a proliferar pelos diversos polos das cidades. Contudo, a legislação de zoneamento dos municípios deve estar preparada para a aplicação desse modelo em regiões importantes do ponto de vista da logística de entrega de mercadorias. A evolução desse modelo pode, também, otimizar os deslocamentos e a circulação destinados à compra de mercadorias, melhorando o grau de mobilidade nas cidades.


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