Folha de S. Paulo


Setor privado gera 75% dos empregos no mundo, aponta estudo

A crise econômica brasileira, que é fruto de políticas equivocadas, incompetência, pilhagem dos cofres públicos e corrupção, entre tantas outras mazelas das quais o país foi alvo, não atingiu ainda seu limite. Se não forem tomadas medidas imediatas no sentido de gerar empregos e desenvolvimento, muito sofrimento poderá ser imposto à tão sofrida população.

Melhorar a competitividade das cidades é um dos caminhos para compartilhar prosperidade. Milhões de empregos poderão ser criados se mais e mais cidades tiverem desempenhos equivalentes aos das cidades mais competitivas do mundo.

Cidades competitivas criam condições para que suas empresas e indústrias contratem mais pessoas, elevem os níveis de produtividade e aumentem a renda dos cidadãos. Estudo publicado pelo Banco Mundial aponta caminhos para as cidades tornarem-se mais competitivas.

Segundo o estudo, a fonte primária de criação de empregos no mundo tem sido o setor privado, responsável por 75% do total de vagas. Portanto, um primeiro direcionamento é para que os líderes municipais tenham familiaridade com os fatores que podem ajudar a atrair, reter e expandir o setor privado. Essa conclusão parece óbvia, mas nem sempre é exercitada por todos.

Dados da pesquisa apontam que 10% das cidades mais competitivas do mundo atingiram média de crescimento equivalente a 13,5% do PIB (Produto Interno Bruto), conseguiram aumentar os empregos a uma taxa de 9,2% ao ano e elevaram a renda média de seus cidadãos em 9,8% anualmente. Além disso, 5% das cidades mais competitivas receberam mais investimentos externos do que o total alocado para as 95% cidades restantes.

De acordo com o estudo, as transformações estruturais devem vir em primeiro lugar. Ganhos de eficiência e produtividade serão consequências.

O crescimento econômico sustentável está ancorado no crescimento das empresas existentes, na atração de investidores e na criação de novos negócios. O equilíbrio dessas ações, além de alavancar o desenvolvimento, impulsiona a criação de novos empregos.

A melhoria da competitividade de cada cidade está relacionada às suas peculiaridades, oportunidades e necessidades locais. Contudo, para os cidadãos de baixa renda, ações institucionais e infraestrutura básica são direcionadores cruciais para a competitividade. Para os de maior renda, capital humano, tecnologia e sistemas de inovação são as chaves para a criação de empregos.

Importante também notar que, embora a atração de investimentos externos tenha sido um fator importante, a maioria dos empregos é criada, na verdade, por empresas locais, e o investimento externo deve ser encarado como um dos fatores de aceleração econômica, mas não como solução para o problema de falta de empregos.

As cidades competitivas estruturam sua estratégia de desenvolvimento de forma alinhada com seu orçamento, têm mecanismos de identificação e solução de problemas no curso da implantação dos programas, e conseguem mobilizar seu quadro de pessoal para garantir a qualidade do serviço prestado à população.

Uma vez que partes dos ingredientes para construir a competitividade estão distribuídas entre os vários níveis de governo, as cidades devem compreender a forma de complementar e alavancar ações para serem estruturadas em outras esferas governamentais e impulsionar seu desenvolvimento.

Quanto maior o número de cidades competitivas no Brasil, mais rapidamente poderemos recuperar os fundamentos necessários para voltar a crescer e gerar os empregos que nos direcionarão para a estabilidade econômica e a equidade social.


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