Folha de S. Paulo


Condições de moradia na Europa são boas em relação ao resto do mundo

No âmbito da União Europeia, não existem responsabilidades conjuntas específicas no que diz respeito à moradia. Cada país é responsável pelas políticas de habitação locais, o que não elimina a possibilidade de existir uma série de desafios comuns que podem e devem ser tratados conjuntamente.

O conhecimento da realidade de cada país é fundamental para que sejam planejadas e estruturadas ações capazes de minorar os problemas encontrados, ou redirecionadas políticas que possam estar seguindo rumos inadequados.

Recente trabalho publicado pela Comissão Europeia traça um retrato estatístico bem completo da situação da moradia na Europa.

Uma dimensão importante na avaliação geral é a qualidade da moradia, e a existência de espaço suficiente foi um dos parâmetros identificados. Considerou-se que, para que não exista superlotação numa habitação, ela deve conter ao menos um dormitório por casal, um dormitório por habitante com idade superior a 18 anos e um dormitório para, no máximo, duas pessoas do mesmo sexo com idade entre 12 e 17 anos.

Dentro desse contexto, o estudo constatou que, em 2015, cerca de 17% da população europeia viviam em condições de superlotação. As maiores taxas foram encontradas na Romênia (49,7%) e Polônia (43,4%), contrastando com Holanda (3,3%) e Bélgica (1,6%). Dentre a população com risco de pobreza (aquelas com renda abaixo de 60% da média nacional de renda), a taxa média de superlotação foi de 29,5%.

Além da superlotação, aspectos relacionados com a habitabilidade foram também levados em consideração para a construção de indicadores mais completos. Para tanto, questões como falta de banheiros adequados, vazamentos em telhados, habitações muito escuras e sem iluminação natural, foram incluídas nas avaliações.

Na Europa como um todo, aproximadamente 5% das pessoas mora em locais com habitabilidade inadequada. Romênia (19,8%) e Bulgária (11,4%) apresentaram as maiores taxas, enquanto na Holanda, Bélgica e Finlândia, as taxas ficaram abaixo de 1%.

No que diz respeito ao tipo de moradia, 42% da população europeia vive em apartamentos. Os moradores de casas semi geminadas são 24%, e o restante mora em casas não geminadas.

A Espanha é o país onde o maior percentual da população mora em apartamentos (65%). Na Holanda e Reino Unido, estão os maiores percentuais de pessoas vivendo em casas semi geminadas (60%).

A maioria da população mora em casa própria, sendo que o número varia de 51,8% na Alemanha a 96,5% na Romênia. Em nenhum dos países a taxa de moradia em imóveis alugados foi maior do que o percentual de habitantes ocupando imóveis próprios.

O percentual de pessoas vivendo em imóveis alugados foi inferior a 10% em 11 países europeus, contrastando com outros países onde essas taxas são significativamente mais elevadas, como Suíça (49,3%) Alemanha (39,9%), Dinamarca (37,3%) e Holanda (31,7%).

Na questão de gastos com moradia, o estudo identificou que 11,3% da população gasta mais do que 40% de sua renda líquida com habitação, e, dentre essas pessoas, as que mais gastam são aquelas que moram em imóveis alugados (27%). Já as mais econômicas são aquelas que vivem em imóveis próprios já quitados (6%).

De qualquer forma, as diferenças neste caso são significantes. Se, por um lado, existem países onde o percentual da população que gasta mais de 40% com moradia é bastante baixo, como Malta (1%), Irlanda (4,6%) e Finlândia (4,9%), em outros países esses números são bem maiores, como na Grécia (40%) e na Alemanha (15,6%).

A condições de moradia na Europa, se comparadas a outras regiões do mundo, podem ser consideradas boas, mas fica claro que há ainda bastante espaço para a evoluir.


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