Folha de S. Paulo


Geração Y pode influenciar os modelos da futura mobilidade urbana

Quase dois bilhões de jovens nascidos entre 1977 e 1994 em todo mundo, a chamada geração Y, representam, hoje, um dos segmentos de consumidores de maior influência na indústria e no mercado.

Chamada, também, de geração tecnológica, os jovens que a compõem nasceram e cresceram num mundo conectado, que tem mudado radicalmente a forma como as pessoas se relacionam entre si e com o mundo ao seu redor.

Quando o assunto é mobilidade urbana, priorizam custo, conveniência e conectividade eficiente. A decisão desses jovens sobre a maneira que se movimentarão pela cidade impactará fortemente a indústria automotiva e todos os outros modais de transporte existentes, além dos automóveis.

Estudo da Deloitte elaborado em 2014, com base em pesquisas com 23 mil consumidores de 19 países, trouxe importantes constatações sobre o comportamento da geração Y quanto à mobilidade urbana.

O estudo explorou a diferença de posicionamento entre jovens de países desenvolvidos (Estados Unidos, Alemanha e Japão) e países com economias emergentes (China, Brasil e Índia). Esses seis países representavam, em 2013, 63% das vendas de automóveis em todo o mundo.

Nos Estados Unidos, 80% dos jovens da geração Y pretendem adquirir um veículo nos próximos cinco anos. Na China, esse número cresce para incríveis 90%. Por outro lado, no Japão, onde existe um conveniente acesso a vários modos de transporte, menos de 50% pretendem comprar um automóvel num futuro próximo.

O comportamento dos jovens adultos em países industrializados ainda é dominado pelo automóvel, embora em proporção muito menor do que há dez anos. Contudo, meios de transporte alternativos estão ganhando importância.

Sem dúvida, conveniência e estilo de vida terão grande influência em seu comportamento quanto à mobilidade. Perguntados se têm a intenção de mudar para um local próximo do trabalho, para diminuir o tempo de deslocamento diário, Índia e China apresentaram o maior percentual de jovens dispostos a mudar, com 69% e 61%, respectivamente. Estados Unidos, com 47%, Alemanha, com 46% e Brasil, com 41% foram os seguintes. No Japão, onde a rede de transportes públicos é bastante abrangente, apenas 31% admitiram ter intenção de mudar para perto do trabalho.

Contudo, quando a questão é morar numa vizinhança em que se pode fazer tudo a pé, houve homogeneidade maior entre todos os países e aproximadamente 65% dos jovens admitem preferir esse modelo.

Para o Centro de Sustentabilidade da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, a geração Y parece ter a consciência crescente acerca dos custos relacionados ao automóvel e a comparação com os custos dos modos alternativos. Motivações ambientais, por si só, podem ser insuficientes para incentivar a transferência entre modos de transporte. Entretanto, quando associadas a condições adicionais, como custo e conveniência, a mudança ocorre.

Normas que relacionam mobilidade e compartilhamento encaixam-se, cada vez mais, em seus padrões no âmbito da economia de consumo colaborativo. A utilização de aplicativos voltados à integração e ao compartilhamento dos modais de transporte é uma tendência irreversível.

A geração Y é claramente diferente das gerações anteriores em suas decisões de mobilidade diária. Os jovens adultos de hoje provam que são muito mais flexíveis do que os do passado, e estão criando a própria matriz de mobilidade, de acordo com as suas necessidades. Essa tendência para a multimodalidade parece ter força para continuar, e pode influenciar o futuro da mobilidade urbana.


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