Folha de S. Paulo


As cidades precisam urgentemente de inovações

Novas tecnologias e novas formas de enxergar os espaços geram, invariavelmente, condições propícias para criar soluções urbanas inovadoras, que possam contribuir com o desenvolvimento de cidades eficientes, não só com crescimento direcionado pelos avanços tecnológicos, mas centrado nas pessoas e orientado pelo planejamento urbano.

A capacidade de armazenar e avaliar, cada vez mais, maiores quantidades de informação, cria as condições necessárias para um maior entendimento do comportamento das cidades sob todos os aspectos, permitindo encontrar soluções para os ambientes urbanos com escalas e complexidades diferentes.

As cidades necessitam urgentemente de inovações, porque em 2050, mais 2 bilhões de pessoas estarão concentradas em áreas urbanas. Em função disso, muitos pensadores e pesquisadores dedicam-se a esse assunto, fato que levou o Fórum Econômico Mundial a publicar estudo sobre inovações que podem melhorar o meio ambiente e a forma como a população interage com o tecido urbano.

A demanda por espaços nas cidades tem relação direta com o crescimento econômico e demográfico. Reprogramar o uso dos espaços de forma a conseguir mais com menos torna-se ação importante. Alterar políticas de expansão por concentração, substituir áreas pavimentadas por áreas verdes, utilizar áreas de estacionamento para outras atividades em períodos que não são utilizadas, estimular a construção de edifícios multiuso, e aproveitar locais e edifícios históricos para desenvolver atividades produtivas compatíveis são exemplos de reprogramação de espaços.

Outra questão importante é a administração eficiente dos recursos hídricos e do saneamento. Sistemas compostos de sensores ligados às redes de tubulação e conectados com a internet podem administrar a demanda, detectar vazamentos e identificar a presença de bactérias ou vírus no sistema, prevenindo epidemias e reduzindo os custos com saúde pública.

Com os avanços tecnológicos, uma nova onda de soluções de transporte deve emergir. A popularização do ciclismo deve vir acompanhada de inovações como a "Copenhagen Wheel", uma bicicleta elétrica híbrida desenvolvida pelo MIT (Massachusetts Institute of Ttechnology), que aumenta a eficiência das ciclovias urbanas. Essa nova bike armazena em uma bateria a energia gerada nas freadas e no giro das rodas quando o deslocamento é feito em declives, tornando muito mais fácil pedalar. Além disso, elas contêm sensores e conectividade "wireless", que as capacitam para entender os hábitos de pedaladas do usuário, otimizando o dispêndio de energia.

Conferir excelência à capacidade ociosa da cidade por meio do compartilhamento também parece ser uma tendência irreversível. Existem muitas oportunidades de compartilhar estruturas físicas e sociais que envolvem desde a subutilização de áreas e edifícios de determinado nível de governo –que podem ser usados com mais eficiência por outro–, até ações de conjuminar serviços de saúde infantil com estruturas escolares, por exemplo.

Os veículos dirigidos sem motoristas devem ter um grande impacto na vida urbana, levando pessoas ao trabalho em sistema "pool" e, ao invés de ficarem estacionados, transportar outras pessoas para outros destinos durante o dia, causando uma verdadeira revolução no transporte público.

Essas e outras inovações, como fazendas urbanas para produção de alimentos, postes inteligentes que monitoram a cidade e modelos de cogeração de energia, sem dúvida, deverão fazer parte das alternativas para enfrentar os desafios do desenvolvimento urbano, equilibrando os níveis de consumo de recursos naturais e ajudando as cidades a resolverem problemas como poluição, congestionamentos e pobreza urbana.


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