Folha de S. Paulo


Tendências para o mercado imobiliário europeu em 2017

Philippe Wojazer/Reuters
Vista aérea de Paris
Vista aérea de Paris

Num cenário pós-Brexit e de eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, a PwC Real Estate e o Urban Land Institute publicaram, conjuntamente, relatório sobre as tendências do mercado imobiliário para a Europa em 2017.

Em meio a uma conjuntura de profundas mudanças, o documento enfatiza a importância de uma abordagem que ultrapasse o comportamento tradicional do mercado. O grande desafio será entender as complexas mudanças além das questões geopolíticas, e planejar produtos para a próxima geração de consumidores do mercado europeu.

No que diz respeito ao ambiente de negócios, os investidores imobiliários estão bastante preocupados com a instabilidade política em diversos países do continente, além da apreensão com a continuidade da comunidade europeia, que se tornou mais intensa a partir da saída da Grã-Bretanha do bloco.

Ainda assim, cidades como Amsterdam, Dublin, Berlim, Frankfurt, Luxemburgo, Paris e Madri esperam ativar seus mercados imobiliários recebendo em seus países as empresas que devem deixar o Reino Unido. Todavia, a expectativa dos profissionais do mercado em relação à rentabilidade é que ela caia em comparação ao ano de 2016.

Os especialistas consultados avaliam 2017 como de baixo crescimento econômico, baixo crescimento na renda com imóveis locados e baixos retornos nos investimentos imobiliários, além de ciclos mais voláteis.

Existe uma importante mudança na diretriz de investimentos para 2017. Ao invés de varejo, escritórios e indústria, o alvo dos investidores passará a ser em hotéis, residências para estudantes e aposentados, e produtos imobiliários voltados para assistência à saúde, na linha de que o mercado imobiliário torne-se cada vez mais um serviço e menos tijolos e cimento.

A diversificação nesses setores pode oferecer maior estabilidade nas taxas de retorno, de acordo com os especialistas, enquanto os mais tradicionais estariam vulneráveis às incertezas econômicas, embora reconheçam que essas alternativas podem ter maturação de longo prazo.

As baixas taxas de juros globais e o baixo retorno no mercado acionário estão fazendo com que as taxas de retorno no mercado imobiliário tornem-se mais atrativas. A alocação de recursos em ativos imobiliários, que estava em torno de 5% nos grandes fundos, elevou-se para 10%.

O percentual de investidores europeus que aplicam no mercado imobiliário interno e também de outros países da Europa deve estar na casa de 20% a 30%. A maior fonte de recursos em investimentos imobiliários na Europa, em 2017, deverá vir da Ásia, seguida de perto pelos americanos, embora os problemas com terrorismo e o afluxo de refugiados sejam preocupações dos investidores, principalmente França e Alemanha. Ainda assim, os ativos germânicos são os mais procurados pelos investidores imobiliários internacionais - apenas 20% abaixo do volume de investimentos no Reino Unido.

Com o crescimento das compras online, em função do preço e da conveniência, os projetos de shopping centers devem ser profundamente alterados para que possam incluir, além de elementos que proporcionem experiências agradáveis de compras, clínicas médicas, serviços municipais, espaços para coworking etc.

O mercado, enfim, não terá um crescimento expressivo em 2017, mas pode marcar o início de um novo ciclo de produtos imobiliários, com a urbanização como alavanca poderosa. Além disso, especialistas afirmam que as cidades com mercado mais pujante na Europa serão aquelas com os melhores sistemas de transporte público e com a melhor infraestrutura cultural e tecnológica.


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