Folha de S. Paulo


Laboratórios urbanos testam ideias que melhoram a vida nas cidades

As cidades, como organismos vivos e em permanente mutação e adaptação às condições de vida das pessoas, necessitam de fluxo constante de ideias e propostas que possam enfrentar os desafios presentes para a melhoria da qualidade de vida nos centros urbanos.

Contudo, na maioria das situações, as ideias e propostas que objetivam promover avanços no funcionamento da cidade poderiam ser mais bem avaliadas e aperfeiçoadas se pudessem ser testadas em ambientes urbanos que simulem situações reais de operação, funcionando como verdadeiro laboratório.

Dentro desse conceito, os laboratórios urbanos passam a ser importante ferramenta para testar ideias, programas, produtos e serviços impactantes na vida das cidades. São projetos por meio dos quais os governos locais e outras partes interessadas procuram conjuntamente aprender e se envolver em novas formas de lidar com os desafios urbanos.

No âmbito desse programa, podem ser testados produtos e serviços comprovadamente relevantes e necessários para os espaços públicos e as vias urbanas. Os programas-pilotos são custeados pelas empresas e não existe obrigação da cidade em implantar as soluções estudadas. O projeto busca soluções inovadoras e respostas para problemas não resolvidos.

Uma das precursoras em usar a cidade ou parte dela como laboratório urbano foi Barcelona, por meio do programa denominado 22@Barcelona.

A cidade espanhola transformou em laboratório urbano uma área industrial abandonada de dois milhões de metros quadrados, cujas condições permitiram testar, em circunstâncias reais, inovações urbanísticas e novos equipamentos urbanos.

Dessa forma, o distrito 22@Barcelona está estruturado em uma nova e compacta cidade laboratório, onde as empresas mais inovadoras coexistem com pesquisa, treinamento e centros de transferência de tecnologia, com cerca de oito mil unidades habitacionais, comércio, serviços, e 114 mil metros quadrados de áreas verdes e elementos de preservação histórica.

Nos EUA, uma empresa internacional de desenvolvimento tecnológico está criando um grande centro para teste de soluções urbanas em escala real, o CITE (Center for Inovattion Testing and Evaluation).

Esse laboratório urbano será construído em uma área de 38 milhões de metros quadrados no deserto do Novo México, e simulará uma cidade com população de 35 mil pessoas, integrando ambientes urbanos do mundo real com todos os elementos típicos de infraestrutura que compõem as cidades de hoje.

O novo centro pretende acelerar as pesquisas sobre a aplicação de produtos prontos para o mercado que envolvem, entre outras questões, sistemas de transporte inteligente, produção alternativa de energia, tecnologias para melhoria do tráfego, telecomunicações e segurança.

Essa nova tendência parece ser inevitável para as cidades que almejam um desenvolvimento equilibrado, com melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. Além disso, os laboratórios podem ser utilizados como experiências de transição para integrar novos produtos e serviços ao tecido urbano.

Por fim, as grandes cidades brasileiras precisam desenvolver laboratórios urbanos, e é necessário começar a pensar como esses laboratórios podem ser organizados em cada cidade e integrados às estruturas municipais locais existentes. Também é necessário definir os tipos de problemas a serem pesquisados, e quais as abordagens possíveis de promover a efetiva conexão dos laboratórios urbanos como relevante e inovadora configuração de governança das estruturas municipais.


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