Folha de S. Paulo


Uma árvore 'urbana' traz US$ 273 de benefícios por ano, aponta estudo

Mark Lennihan - 30.mai.2012/Associated Press
Movimento de pessoas no parque High Line, em Nova York
Movimento de pessoas no parque High Line, em Nova York

Andando pelas ruas, nos deparamos, todos os dias, com uma maior ou menor quantidade de árvores. Mas o que não vemos, e nem fazemos ideia, é o real valor econômico de uma árvore.

Muitos estudos têm associado o valor das árvores urbanas aos benefícios obtidos por mudanças na estrutura das cidades pela vegetação. Entre as melhorias avaliadas estão sequestro de carbono, remoção de partículas de poluentes e efeitos nos custos de condicionamento de ar, sem esquecer os impactos na hidrologia.

Em Nova York, por exemplo, há 876 mil árvores que cobrem 23,1% da cidade. Elas são responsáveis pela economia anual de energia de aproximadamente US$ 11 milhões. Em matéria de sequestro de carbono, o valor é equivalente a US$ 386 mil, e os efeitos na remoção de poluentes correspondem a US$ 836 mil.

Além das questões objetivas, existem benefícios menos tangíveis, cuja quantificação econômica é mais difícil. Como medir o valor do sombreamento em dias ensolarados, da beleza de suas flores, do abrigo de pássaros e outros animais e até mesmo da valorização das propriedades imobiliárias com árvores?

Obviamente, localização das árvores, tamanho, espécie, condição sanitária e idade devem entrar nessa conta.

Há um site com programa específico que permite calcular o valor desses benefícios a partir de dados como localização e tipo da árvore. Para quem quiser conferir, o endereço é treebenefits.com/calculator.

Por exemplo, para uma Acacia baileyana de 60 cm de diâmetro, localizada em Santa Monica, na Califórnia, o valor é de US$ 229 por ano, distribuídos entre sequestro de carbono, melhoria da qualidade do ar, incremento no valor da propriedade, economia de energia e nos sistemas de drenagem de águas pluviais.

Estudo realizado na cidade de Lisboa por meio de programa semelhante demonstra que, em média, para cada € 1 investido nas árvores da cidade, o retorno econômico é de € 3,50. Anualmente, cada uma das 41.247 árvores da cidade devolve aos lisboetas € 124 em benefícios econômicos.

As avaliações são diversas. Segundo trabalho publicado pela Associação Florestal Americana, cada árvore resulta em um benefício econômico de US$ 73 em ar-condicionado, US$ 75 em controle de erosão, US$ 75 em abrigo de animais silvestres e US$ 50 em redução da poluição do ar.

Computados esses US$ 273 por 50 anos, a uma taxa de juros de 5% ao ano, chega-se ao valor total de US$ 57.151 para uma única árvore.

Além de todos os já conhecidos benefícios das árvores, o pesquisador americano David Nowak tenta calcular seu valor econômico na redução da temperatura do ar e na absorção da radiação ultravioleta.

Mais intrigante ainda é entender a relação entre a redução do estresse no dia a dia das pessoas com a observação de uma vegetação. Usando imagens de satélite, Nowak pretende desenvolver um índice que determine o quanto de vegetação é visível pela população de alguns pontos de uma determinada cidade, e como as pessoas reagem a essa exposição a fim de quantificar o fato economicamente.

Segundo ele, não será fácil separar o efeito das árvores de outras forças sociais relacionadas com o estresse urbano, mas será criada uma nova fronteira na determinação do valor econômico das vegetações.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia chegaram à conclusão que o custo anual para manter uma árvore urbana é de US$ 19 e, portanto, o retorno pode superar de 5 a 10 vezes o investimento.

Talvez seja a hora de mudarmos paradigmas e concluir que pode ser possível dinheiro crescer em árvores.


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