Folha de S. Paulo


No campo e na cidade

Embora não tenhamos no Brasil muitas análises e informações sobre o tema, nos Estados Unidos foi divulgado recentemente um trabalho elaborado pelo American College of Emergency Physicians que traz estudos e classificação dos riscos de morte por ferimentos acidentais nos meios rurais e urbanos.

Entre 1999 e 2006, aproximadamente 1,3 milhão de pessoas morreram por ferimentos acidentais nos Estados Unidos. A maioria delas tinha menos de 45 anos e morava em áreas urbanas –o que, em princípio, induz à conclusão de que o risco maior de morte por acidente atinge os jovens urbanos e, que portanto, as grandes cidades são os locais menos seguros para viver e trabalhar.

Além disso, outros trabalhos também sustentam a ideia de que os maiores riscos de homicídio e vitimização criminosa se concentram nas grandes metrópoles.

Contudo, parece ser possível que essa percepção focada em risco nos grandes centros não seja absolutamente correta. O estudo da entidade norte-americana sugere que também fora das áreas urbanas existe um risco desproporcionalmente alto de morte por ferimentos acidentais, aumentando, portanto, a insegurança dos habitantes rurais.

No período estudado, das quase 1,3 milhão de mortes distribuídas por 3.141 condados americanos, as causadas por ferimentos não intencionais ocorreram em uma taxa de 37,5 por 100 mil habitantes; o índice de homicídios e suicídios (os ferimentos intencionais) foi de 17 por 100 mil –os mecanismos mais usados foram veículos automotores, armas de fogo e envenenamentos.

Considerados todos os aspectos, os cientistas descobriram que o risco de morte por acidente foi 22% superior nas áreas rurais, em comparação às áreas urbanas.

As explicações podem residir no fato de as pessoas, no meio rural, dedicarem mais tempo a atividades de maior risco, além de médicos especializados em traumas, mais bem treinados e equipados, atuarem em áreas urbanas, fatores que podem reduzir as mortes por ferimentos.


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