Folha de S. Paulo


Monitorando as cidades verdes

Foi realizada, em Paris, a COP 21 –conferência da ONU sobre mudanças climáticas–, e 195 países concordaram em adotar medidas para limitar o aumento médio da temperatura da Terra em 1.5°C, até o ano de 2100.

Tão importante quanto o estabelecimento de um acordo com metas a serem cumpridas é a definição das ações necessárias para que sejam atingidos os objetivos e, principalmente, sejam monitorados os resultados obtidos ao longo do processo.

Nesse particular, cabe enaltecer a iniciativa da criação de uma metodologia para monitorar a qualidade ambiental de cidades, que foi desenvolvida pelo EIU (Economist Intelligence Unit) em cooperação com a Siemens.

A metodologia cria o "Índice de cidades verdes" e foi utilizada para monitorar mais de 120 cidades no mundo, escolhidas pelo tamanho e pela importância como centros de negócios.

O modelo de monitoramento é baseado na medição e no acompanhamento de aproximadamente 30 indicadores que incluem, entre outros, emissão de CO², energia, uso do solo, transportes, saneamento, qualidade do ar e governança ambiental.

Aproximadamente metade desses indicadores são quantitativos e obtidos junto a bancos de dados públicos oficiais; o restante é qualitativo e baseado nas políticas municipais para tratamento das questões ambientais.

Dessa forma, os índices medem não só a efetiva performance ambiental, mas também a intenção objetiva dos municípios em se tornarem cidades verdes.

Na Europa, Copenhague lidera o "ranking" das cidades verdes, embora outras tenham apresentado índices bastante interessantes. Por exemplo, Tallin, na Estônia, que registrou o menor consumo de água por habitante, 138 litros, enquanto a média para outras cidades era de 288 litros. No Brasil, o consumo médio por pessoa é de 166 litros.

Em Estocolmo, 64% das pessoas vão trabalhar a pé ou de bicicleta, e em Kiev, 74% da população usa transporte público para trabalhar.

Helsinque recicla 58% do lixo, enquanto o índice médio na Europa é de somente 18%. Em Oslo, 65% da energia utilizada é renovável, enquanto o índice médio nos outros países é de 7%.

As cidades que alcançaram os maiores índices nos outros continentes foram Curitiba, na América Latina, Singapura, na Ásia, São Francisco, na América do Norte, e Cidade do Cabo, na África.

O estudo também traz comparações entre os continentes.

No que diz respeito, por exemplo, à porcentagem de vazamentos em rede de água tratada, a América Latina destaca-se com 35%, contrastando com a América do Norte, que tem 13%. Embora o menor índice, entre todos, tenha sido registrado em Tóquio, com apenas 3%. A maior produtora de lixo do mundo é a Europa, com 511 kg por pessoa, enquanto na Ásia, esse número cai para 375 kg.

A partir da avaliação dos dados obtidos, o estudo enumera alguns princípios básicos para manter as cidades verdes: governança adequada e liderança no nível metropolitano, visão abrangente dos problemas ambientais, engajamento cívico, uso das tecnologias mais apropriadas, agenda baseada na saúde humana e redução da pobreza, além da solução para os assentamentos informais.

Sim, devemos estabelecer metas de médio e longo prazo para alcançarmos os objetivos propostos. Contudo, não temos dúvida que o adequado monitoramento dos resultados poderá nos auxiliar a corrigir os rumos, quando necessário, e aperfeiçoar os modelos de gestão.

Seguramente, isso nos levará a traçar um futuro melhor para o planeta e seus habitantes e, quem sabe, nos ajudará a alcançar a meta de limitar o aumento médio da temperatura da Terra em 1.5°C, até o ano de 2100.


Endereço da página: