Folha de S. Paulo


Como serão as megacidades?

Hoje, existem mais de 600 cidades no mundo com mais de 1 milhão de pessoas e aproximadamente 60 com população acima de 5 milhões. Em 2025, deveremos ter, mundialmente, 37 megacidades, definidas como aquelas com população superior a 10 milhões de habitantes.

Os números previstos para o futuro impressionam. Quase 60 cidades, em 2025, acomodarão 2 bilhões de pessoas, e mais de 735 milhões de habitações. Essas cidades vão gerar mais de 60% do PIB mundial, e deverão dominar o consumo de energia no planeta.

Existem, naturalmente, grandes diferenças culturais e históricas entre as grandes cidades. Um dos aspectos mais importantes a considerar nessas diferenças é o tempo decorrido em seu processo de crescimento.

Paris e Londres, embora tenham enfrentado desafios importantes enquanto se consolidavam como grandes cidades emergentes, nunca passaram por surtos de crescimento tão súbitos quanto os experimentados recentemente pelas novas megacidades.

A população da capital de Bangladesh, Dhaka, terá um aumento populacional de mais de 5.400% entre 1950 e 2015. Para que se tenha uma ideia do que isso significa, se Nova York tivesse crescido nessa mesma proporção, sua população atual seria de 684 milhões de pessoas.

No século 19, Londres cresceu sete vezes. Entre 1950 e 2015, Kinshasa, capital do Congo, crescerá 50 vezes e Lagos, na Nigéria, 25 vezes. Karashi, no Paquistão, deverá crescer 2.000% no mesmo período.

O pesquisador Pedro Gadanho afirma que a permanecer o mesmo modelo de desenvolvimento, cerca de 2/3 das pessoas que viverão em megacidades poderão ser consideradas pobres, o que se traduzirá na existência de grandes quantidades de assentamentos informais. Portanto, a produção habitacional passa a ser uma preocupação presente nos planos de desenvolvimento.

Os níveis de crescimento e o tamanho das megacidades deverão ser limitados de acordo com as possibilidades que um único governo tenha em administrá-las.

O grande desafio dos pensadores urbanos para as megacidades é determinar os modelos capazes de melhorar a qualidade de vida das pessoas nesses núcleos.

As cidades inteligentes virão, certamente, e as megacidades serão as primeiras a se estruturarem dessa forma. Sem dúvida, o desenvolvimento acelerado dos programas de inteligência artificial será incentivado a encontrar soluções para os desafios enfrentados por essas cidades.

As expectativas dos cidadãos por saúde, trabalho, segurança, energia e, acima de tudo, por oportunidades para uma melhor qualidade de vida devem formatar o futuro das megacidades.

Muitos problemas igualmente importantes são trazidos pela grande concentração de pessoas, mas os maiores desafios estão na infraestrutura urbana, principalmente no abastecimento de água, nas condições sanitárias adequadas e no transporte público.

Cidades são sistemas que, inteligentemente desenvolvidos, podem lidar de maneira eficiente com os desafios oriundos do crescimento espacial e populacional. As cidades inteligentes, portanto, deverão utilizar os avanços em tecnologia e ciências para lidar com os problemas.

As megacidades inteligentes deverão promover o intercâmbio de energia com outras cidades, além de gerar sua própria energia. A internet será definitivamente incorporada à vida das pessoas, e a inteligência artificial deverá tomar as decisões mais complexas na administração dos espaços urbanos.

Será que nossos planejadores, cientistas sociais, líderes e todos aqueles envolvidos com o desenvolvimento das áreas urbanas estão preparados ou se preparando adequadamente para esse futuro próximo?


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