Folha de S. Paulo


A crise econômica e as oportunidades no mercado imobiliário

Não é segredo para ninguém que o Brasil atravessa uma crise econômica. Esses momentos têm sido cíclicos na economia brasileira, mas desta vez a crise da economia traz consigo uma particularidade especial, pois a sua solução passa, principalmente, pelo equacionamento da crise política de proporções preocupantes.

As curvas de desempenho do mercado imobiliário têm se mostrado, nos últimos anos, bastante coincidentes com o desempenho da economia, e agora não seria diferente. A queda na venda de imóveis novos em todo o país tem demonstrado a influência dessa desestabilização na economia.

Todavia, todas as crises e os momentos difíceis trazem oportunidades. No atual momento do mercado imobiliário podem, eventualmente, surgir algumas dúvidas, como: É o melhor momento para comprar? Existe espaço para a queda de preços?

Em São Paulo, por exemplo, os estoques de imóveis residenciais novos à venda subiram de forma considerável em relação ao número médio dos últimos anos. Desde meados de 2014, o estoque vem aumentando e temos, hoje, aproximadamente 26 mil unidades à venda, contra a média de 17 mil imóveis dos últimos anos. Sem dúvida, esse excesso de oferta pode pressionar a queda dos preços.

Por outro lado, com a aprovação do novo Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo foram introduzidos parâmetros que exercem pressão contrária, ou seja, aumentam os custos de produção, cujo efeito neutraliza, em parte, a tendência de aumentos, fazendo com que os preços apresentem tendência de equilíbrio.

A evolução dos preços de imóveis novos entre 2013 e 2014 apresentou uma alta nominal de 7%, o que representa aumento real de 0,4%.

Portanto, não parece existir uma forte tendência de queda de preços. Contudo, o excesso de oferta de imóveis na cidade não é uniformemente distribuído. Isso faz com que existam regiões da cidade com concentração de determinados tipos de produtos. Onde tem uma maior oferta, podem existir ótimas oportunidades para a compra de imóveis.

Aqueles com intenção de adquirir uma unidade imobiliária devem pesquisar os locais da cidade com essa especificidade, a fim de encontrar o melhor negócio.

Além disso, é importante lembrar que parte desse estoque de imóveis à venda é formada por unidades oriundas de distratos, cujos clientes adquiriram os imóveis dois ou três anos atrás e, no momento de assinar o contrato de financiamento com os bancos, não apresentaram as condições necessárias para assumir o empréstimo. Como durante esse período os preços subiram cerca de 30 %, hoje algumas incorporadoras repassam esses imóveis pelo mesmo preço de venda praticado há três anos. Ainda assim, o incorporador mantém as unidades na carteira do empreendimento.

Outra dúvida do momento: Alugar ou comprar um imóvel?

Se estivermos falando a respeito de imóveis comerciais, a locação é uma boa alternativa, pois o excesso de oferta fez com que os preços dos aluguéis ficassem bastante atrativos.

Quanto aos imóveis residenciais, depende da situação. Se for o caso de uma mudança temporária ou, momentaneamente, falta de condições financeiras para a aquisição, alugar pode, sem dúvida, ser uma boa solução.

Contudo, alugar somente para aguardar os preços dos imóveis novos à venda baixarem não parece ser a melhor alternativa, pois a não ser em regiões específicas da cidade, a tendência é de estabilidade dos preços.

Além disso, é o momento de aproveitar as boas oportunidades que o mercado oferece e que podem resultar em alternativas interessantes de negócios em determinadas regiões da cidade.


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