Folha de S. Paulo


Impressão 3D, nova tecnologia para a construção de casas

A indústria da construção civil tem passado por muitas mudanças, adaptações e inovações em seus métodos e tecnologias construtivas. Mas, talvez, estejamos próximos de testemunhar a maior de todas as revoluções neste setor, a possibilidade de as edificações serem executadas de forma automática, por impressoras 3D gigantes. O grau máximo de robotização que poderíamos esperar na construção civil, diante do aumento dos níveis de conhecimento da humanidade até agora.

A tecnologia chamada contour crafting, desenvolvida na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, possibilita a construção de uma casa de 250 metros quadrados em 20 horas, um espetacular avanço na produção habitacional. A utilização desta tecnologia pode ser importante também na recuperação de áreas atingidas por desastres naturais, porque é mais barata, eficiente, rápida e segura do que a construção manual.
A NASA estuda também a possibilidade de adotar esse método para a produção de habitações capazes de abrigar missões espaciais para a Lua ou planetas como Marte.

Embora pareça excessivamente futurista, o método já é realidade. A empresa chinesa WinSun Decoration Design Engineering já construiu 10 casas térreas com uma impressora 3D de grandes proporções, montada sobre um sistema de pórticos metálicos, em uma área de 66 metros quadrados. O mais incrível é que essas edificações, que serão usadas como escritórios num parque industrial de Shangai, foram construídas em 24 horas.

Com um custo total de US$ 5 mil por unidade, as casas foram "impressas" em painéis constituídos por uma mistura de cimento, resíduos de materiais de construção, fibra de vidro e aditivos. Essa massa, de secagem rápida, adquire resistência suficiente para receber as camadas sobrejacentes logo em seguida. Também podem ser automatizadas a execução de revestimentos de piso e paredes, as instalações elétricas, hidráulicas e a pintura. O único trabalho humano seria a colocação de portas e janelas.

Uma fábrica completa e um centro de pesquisas de 3.300 metros quadrados foram construídos em 30 dias na cidade de Yingchuang. A empresa chinesa anunciou, ainda, que está desenvolvendo um modelo para edifícios altos, mas com o mesmo processo de impressão.

Experiência semelhante acontece também na Holanda, onde está sendo construído um edifício com 15 metros de altura. A edificação terá 13 cômodos, que serão "impressos" isoladamente e encaixados para formar cada um dos andares que, por sua vez, serão empilhados, um em cima do outro, para formar o edifício. A necessidade de métodos construtivos alinhados à necessidade de velocidade de implantação de construções nas grandes cidades foi inspiração para o desenvolvimento desse projeto. Além disso, a construção civil necessita de processos que, além de imprimir velocidade na execução, reduzam os desperdícios e aperfeiçoem o uso de mão de obra.

Com a aplicação dessa tecnologia, não seriam mais tão importantes os ganhos com economia de escala. Para se efetuar modificações ao longo do processo, tudo o que se tem a fazer é mudar o programa de computador. As paredes não têm de ser lineares, e podem ser usados quaisquer tipos de curvas. Portanto, passa a ser realmente possível atender à demanda por nova arquitetura, com formas e componentes estruturais complexos, que não poderiam ser desenvolvidos com os métodos tradicionais e, ainda, sem incorrer em custos adicionais.


Endereço da página: