Folha de S. Paulo


Como está o mercado imobiliário norte-americano?

Após um período de forte crise, que teve origem justamente no mercado imobiliário, a economia norte-americana parece ter chegado a um patamar de crescimento sustentado. Se considerarmos as projeções para os próximos 18 meses, o incremento no PIB (Produto Interno Bruto) será algo em torno de 3,5%. Uma das chaves deste avanço, sem dúvida, é o aumento da confiança do setor empresarial na economia, o que falta aos empresários brasileiros, neste momento.

Com taxas de vacância na casa dos 7,6%, comparáveis ao período pré-crise, o setor industrial é o carro-chefe da recuperação do mercado imobiliário comercial. A previsão de absorção pelo mercado industrial, em 2014, é de aproximadamente 21 milhões de metros quadrados.

A recuperação do mercado residencial também provocou elevação dos preços praticamente em todas as regiões do país. Segundo estudo publicado pela "Kiplinger", que avaliou 276 cidades norte-americanas, nos últimos 12 meses os preços subiram, em média, 10,9%. Todavia, estão 31% abaixo dos preços praticados em 2006. Existem, portanto, bons negócios imobiliários na área residencial.

O aumento foi liderado por Las Vegas, onde os preços aumentaram, no período, perto de 31%. Para os próximos 12 meses, a expectativa é que os preços no país se elevem a uma taxa mais moderada, próxima aos 4%.

Esses aumentos de preços trazem novo alento para aqueles mutuários que têm financiamento sobre imóvel, cujo débito é maior que o valor do próprio imóvel. Com essa alta de preços e, portanto, equalização da dívida com o valor do bem, essa parcela da população volta ao mercado, vendendo e comprando imóveis. As estimativas são de que quase 3,5 milhões de mutuários podem se beneficiar com esta situação.

As taxas de juros para financiamentos imobiliários residenciais estão em 4,1% ao ano para prazos de financiamento de 30 anos, e 3,24% ao ano para 15 anos. Enquanto isso, a inflação norte-americana nos últimos 12 meses foi de 2%. Entretanto, com o reaquecimento da economia, a expectativa é que as taxas de financiamento para 30 anos subam a um patamar de 5% ao final de 2015.

Outro dado interessante é que o percentual da renda gasto com o financiamento da casa própria representa, hoje, em torno de 15,6% do ganho mensal dos mutuários. Em 2006, esse índice chegava a 23,5 %, reflexo cumulativo da diminuição dos preços e das taxas de juros.

Estudos de mercado mostram que a porcentagem de consumidores que pretendem comprar a casa nos próximos seis meses é a maior desde o ano 2000.

O mercado de trabalho vem crescendo. Nos últimos sete meses, computadas as admissões e demissões, foram criados 230 mil novos postos de trabalho. Normalmente, esse é um indicador de que a demanda no mercado imobiliário residencial deve também crescer. Porém, nos últimos 12 meses, foram vendidas 458 mil unidades residenciais, volume que, dentro de tendências normais de mercado, deveria ser de, aproximadamente, 1,3 milhão de unidades. Em consequência disso, o número de pessoas por habitação aumentou em torno de 2,6%, desde 2005. Caso esse número tivesse se mantido constante, haveria um acréscimo de três milhões de residências novas no total hoje existente.

Por outro lado, a vacância na locação residencial é a menor dos últimos 14 anos, o que nos leva a concluir que parte da demanda habitacional foi atendida por esse mercado, e que parte dos atuais locatários deve tornar-se comprador em um futuro próximo.

O crescimento da economia e um desempenho positivo do mercado de trabalho serão o combustível para a manutenção do crescimento do mercado imobiliário e da construção civil, mesmo que as taxas de juros cresçam em médio e longo prazo. Esse fato tende a realimentar a demanda por emprego e habitação, em um círculo virtuoso e importante para que a economia norte-americana retome seu rumo de desenvolvimento.


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