Folha de S. Paulo


Aerotrópolis, um futuro próximo

Hoje em dia, a Internet ganhou destaque em meio às atividades diárias das pessoas. As compras pela web, entre outras, são cada vez mais comuns. Em poucos segundos, é possível adquirir uma infinidade de produtos pelo computador; mas a entrega do bem ainda não é igualmente rápida e eficiente. Para isso, é necessária uma rede eficiente de transporte aéreo, conectada a sistemas terrestres de logística, armazenagem e escoamento de mercadorias igualmente eficientes. Atualmente, uma das relevantes métricas de desenvolvimento econômico está claramente relacionada à movimentação de pessoas e produtos entre polos importantes, tanto nacional quanto internacionalmente.

Aeroportos, portanto, tornam-se fundamentais nos sistemas globais de produção e distribuição e são, também, rotas físicas da Internet. Eles são importantes indutores de desenvolvimento econômico local, atraindo não só atividades conectadas ao processo de transporte aéreo, mas outras, como núcleos residenciais, hotéis, comércio, centros de convenções e exposições, edifícios de escritórios, além de tantas outras correlatas.

À medida que os negócios passam a ser orientados dessa maneira, uma nova forma urbana surge no entorno dos aeroportos e corredores a eles conectados: as aglomerações chamadas de aerotrópolis.

As aerotrópolis têm, assim, potencial para atrair indústrias, cuja produção e distribuição estão fortemente relacionadas com prazos de entrega, empresas das áreas de "e-commerce", centros de logística, distribuição e tecnologia. Enfim, todas as atividades que podem se beneficiar da localização próxima a aeroportos ou corredores anexos a eles.

Dessa forma, o entorno imediato dos aeroportos, não mais do que a 15 minutos de distância dos terminais, deve funcionar como centro de negócios multimodal e multifuncional, capaz de ancorar o sistema de transporte aéreo.

No Brasil, esse fenômeno vem acontecendo espontaneamente. Todavia, em velocidade menor do que a necessária e, normalmente, acompanhado de problemas decorrentes da falta de planejamento estratégico urbano e de infraestrutura. Isso, sem dúvida, deve ser corrigido o mais rápido possível, sob pena de essas áreas tornarem-se economicamente ineficientes e inadequadas do ponto de vista da sustentabilidade. Para tanto, devem ser considerados alguns aspectos importantes.

Os aeroportos precisam ser eficientemente interligados aos mais próximos e importantes centros regionais por vias expressas exclusivas, com faixas também exclusivas para caminhões, além de ter integração com o metrô e as ferrovias. O sistema de logística e armazenamento deve estar próximo desses aeroportos e conectados eficientemente aos meios de transporte.

É absolutamente fundamental garantir que os polos de desenvolvimento no entorno dos aeroportos sejam implantados e planejados de forma coordenada, e com a necessária adaptação da legislação de uso do solo no entorno para abrigar atividades complementares, como núcleos residenciais, centros educacionais, de lazer e facilidades turísticas.

Condições econômicas regionais e demandas do mercado imobiliário devem moldar o ritmo de desenvolvimento e as características da aerotrópolis, cujo planejamento não requer apenas a conceituação urbanística, mas também o equacionamento econômico baseado na lógica de mercado.

Quando combinados, esses conceitos potencializam os benefícios aos usuários do aeroporto. O sucesso do modelo 'aerotrópolis' repousa, todavia, no valor agregado às regiões metropolitanas do entorno. O planejamento correto para que se obtenha o adequado desenvolvimento dessas regiões certamente trará grandes retornos, do ponto de vista social, para a comunidade, e maior competitividade às empresas.


Endereço da página: