Folha de S. Paulo


Cruyff mostrou que risco de câncer segue mesmo parando de fumar

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ORG XMIT: 141901_0.tif Futebol: Johan Cruyff (centro), do Ajax, durante jogo de cartas com seus companheiros de equipe. Johan Cruyff, of Ajax and Holland relaxes with teamates prior to their European Cup tie with Arsenal. Mandatory Credit: Allsport Hulton/Archive
Johan Cruyff (centro), do Ajax, durante jogo de cartas com seus companheiros de equipe

Há pouco mais de um mês, o holandês Johan Cruyff declarou a jornalistas que ganhava de 2 X 0 a luta contra o câncer de pulmão, diagnosticado em outubro de 2015.

Mas o tumor, adversário traiçoeiro, já tinha dominado o jogo e virou no final.

O tumor de pulmão é o mais comum de todos os malignos. A incidência mundial aumenta 2% a cada ano, totalizando quase 2 milhões de casos novos anualmente. No Brasil, ele mata cerca de 23 mil pessoas por ano.

É uma doença altamente maligna, com sobrevida média em cinco anos, variando entre 13% e 21% em países desenvolvidos e no máximo 10% nos países em desenvolvimento.

Em 90% dos casos, o câncer de pulmão está associado ao tabagismo. Fumante inveterado durante o período de jogador, Cruyff havia deixado o cigarro em 1991, após passar por cirurgia cardíaca.

A questão é que, por mais que o risco de câncer diminua após o abandono do tabagismo, ele nunca desaparece por completo.

Segundo o oncologista Paulo Hoff, diretor do Icesp (Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), no caso do câncer de pulmão, ele pode demorar de duas a três décadas para se manifestar.

O efeito das substâncias cancerígenas do cigarro pode ser devastador para as células. A literatura científica aponta que, a cada cigarro fumado, ocorrem de duas a três mutações celulares. "Nem toda mutação causada pelo cigarro vai resultar em câncer. Muitas delas o próprio organismo corrige, mas, infelizmente, a probabilidade de aparecimento de câncer é grande", afirma Hoff.

O cigarro também está associado a outros tipos de tumor, como o de pâncreas, esôfago, estômago, fígado e de cabeça e pescoço.

Embora o fumo seja o fator de risco preponderante, há outros elementos, como capacidade de recuperação do organismo, estilo de vida e propensão familiar, também decisivos para o desenvolvimento ou não de um tumor.

A boa notícia é que, no caso do câncer de pulmão, ele se tornou uma das principais causas de morte evitáveis. Receita? Nunca começar a fumar.


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