Há pouco mais de um mês, o holandês Johan Cruyff declarou a jornalistas que ganhava de 2 X 0 a luta contra o câncer de pulmão, diagnosticado em outubro de 2015.
Mas o tumor, adversário traiçoeiro, já tinha dominado o jogo e virou no final.
O tumor de pulmão é o mais comum de todos os malignos. A incidência mundial aumenta 2% a cada ano, totalizando quase 2 milhões de casos novos anualmente. No Brasil, ele mata cerca de 23 mil pessoas por ano.
É uma doença altamente maligna, com sobrevida média em cinco anos, variando entre 13% e 21% em países desenvolvidos e no máximo 10% nos países em desenvolvimento.
Em 90% dos casos, o câncer de pulmão está associado ao tabagismo. Fumante inveterado durante o período de jogador, Cruyff havia deixado o cigarro em 1991, após passar por cirurgia cardíaca.
A questão é que, por mais que o risco de câncer diminua após o abandono do tabagismo, ele nunca desaparece por completo.
Segundo o oncologista Paulo Hoff, diretor do Icesp (Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), no caso do câncer de pulmão, ele pode demorar de duas a três décadas para se manifestar.
O efeito das substâncias cancerígenas do cigarro pode ser devastador para as células. A literatura científica aponta que, a cada cigarro fumado, ocorrem de duas a três mutações celulares. "Nem toda mutação causada pelo cigarro vai resultar em câncer. Muitas delas o próprio organismo corrige, mas, infelizmente, a probabilidade de aparecimento de câncer é grande", afirma Hoff.
O cigarro também está associado a outros tipos de tumor, como o de pâncreas, esôfago, estômago, fígado e de cabeça e pescoço.
Embora o fumo seja o fator de risco preponderante, há outros elementos, como capacidade de recuperação do organismo, estilo de vida e propensão familiar, também decisivos para o desenvolvimento ou não de um tumor.
A boa notícia é que, no caso do câncer de pulmão, ele se tornou uma das principais causas de morte evitáveis. Receita? Nunca começar a fumar.