Folha de S. Paulo


A morte do jovem que aplicou hidrogel no pênis

Um jovem de 18 anos morreu na noite deste sábado (25) em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) após injetar hidrogel no pênis, segundo a polícia.

Ele foi levado à unidade de emergência do Hospital das Clínicas por volta das 16h30 e morreu quatro horas depois de insuficiência respiratória. A polícia investiga a morte.

O caso suscita muitos questionamentos. O primeiro deles são os potenciais graves riscos do uso inadvertido desse produto, como já ficou demonstrado no episódio envolvendo a modelo Andressa Urach e da morte de uma mulher em Goiânia (GO).

O hidrogel é formado 98% por água e absorvido pelo corpo após cerca de dois anos. Em tese, quando usado por médicos e em doses recomendadas, é seguro, mas frequentemente temos visto várias complicações associadas ao seu uso. Entre elas, alergia, rejeição, infecção e necrose dos tecidos.

O perigo mais imediato é o produto ser injetado em um vaso sanguíneo, que pode provocar uma embolia pulmonar e morte, o que pode ter acontecido com o jovem de Ribeirão.

O hidrogel também pode se deslocar pelo corpo. A pessoa injeta no bumbum, por exemplo, e ele vai parar na coxa. Enfim, os riscos são grandes. Tanto que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu a importação e a venda do produto no Brasil.

Contudo, não foi vetado o uso e a aplicação do hidrogel por clínicas e profissionais médicos que tinham o produto em estoque. A questão, porém, é a de sempre: quem está fiscalizando isso? E as vendas pela internet?

Outra consideração nesse caso específico é a obsessão masculina pelo aumento do pênis, sempre motivo de muita piada e de pouca discussão séria.

Basta uma rápida pesquisa no Google para observar as promessas mirabolantes que existem nesse sentido, incluindo a aplicação de hidrogel e de outras substâncias no pênis. Sem falar das geringonças vendidas em sex shops.

A vasta maioria desses procedimentos não tem nenhuma evidência científica de que funcione e, o mais importante, não tem garantia alguma de segurança.

Imagino que a pressão social seja grande para os homens de pau pequeno. Como já brincou o pessoal do humorístico "Porta dos Fundos", eles trocariam qualquer coisa por dois centímetros a mais de pau. Mas será que vale trocar até a vida por isso?


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