Folha de S. Paulo


Saiba reconhecer os riscos de um parto prematuro

Uma pesquisa inédita da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) mapeou mais de 30 mil nascimentos em 20 maternidades brasileiras e traçou um quadro dos principais riscos para a prematuridade. É o maior estudo de fatores de risco gestacionais e pré-gestacionais para o parto prematuro já realizado no Brasil.

Alguns dos riscos pesquisados demonstraram ser importantes indicadores para a detecção precoce de um nascimento prematuro. Gravidez múltipla (de gêmeos ou mais bebês), encurtamento do colo do útero, malformação fetal, sangramento vaginal e menos de seis consultas realizadas durante o pré-natal são os maiores fatores de risco tanto para mulheres na primeira gestação quanto para as que já ficaram grávidas antes (veja lista completa abaixo).

A chance de um parto prematuro também foi maior entre mães com menos de 19 anos e sem um parceiro, que fumam e com algumas infecções durante a gestação.

O interessante da pesquisa é que ela dá algumas pistas úteis às mães, que podem prestar atenção em alguns sintomas que podem indicar o problema. Sangramento por via vaginal, aumento de cólicas e alguns tipos de corrimento durante a gravidez são sinais de alerta. Quando eles aparecem, é preciso procurar um médico imediatamente. Mesmo que o sangramento tenha parado.

"Infecções urinárias como cistites e pielonefrites são as mais relacionadas ao parto prematuro", diz Renato Passini Júnior, do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Alguns tipos de corrimentos podem indicar vaginose bacteriana, outra causa de prematuridade.

A taxa média de prematuridade detectada na pesquisa foi de 12,3%, bem parecida com os dados oficiais do país. O índice foi maior na região Nordeste (14,7%) e menor no Sudeste (11,1%). Quase 80% dos nascimentos prematuros ocorreram entre a 32ª e a 36ª semana de gestação e 7.4% antes das 28 semanas. Quanto mais prematuro for o parto, maior o risco de morte e problemas para as crianças que sobrevivem.

Ficaram de fora desses primeiros resultados, os partos prematuros terapêuticos, aqueles que têm de ser induzidos porque existe algum problema com a mãe, com o bebê ou ambos, caso da pressão alta, por exemplo, que serão publicados no ano que vem.

Veja abaixo a lista completa dos fatores de risco:

Para todas as mulheres

  1. Gravidez múltipla (de mais de um bebê): 24 vezes mais risco
  2. Encurtamento do colo: 6 vezes mais risco
  3. Malformação fetal: 5 vezes mais risco
  4. Sangramento vaginal: dobra o risco
  5. Menos que seis consultas de pré-natal realizadas: 1,5 vezes mais risco
  6. Infecções urinárias (cistite, etc): 1,2 vezes mais risco

Para mulheres que já tiveram uma gravidez

  1. Gravidez múltipla (de mais de um bebê): 29 vezes mais risco
  2. Parto prematuro prévio: 3 vezes mais risco
  3. Encurtamento do colo: 3 vezes mais risco
  4. Malformação fetal: 2,5 vezes mais risco
  5. Aumento do volume de líquido amniótico: 2.3 vezes mais risco
  6. Sangramento vaginal: dobra o risco
  7. Aborto prévio: 1,5 vezes mais risco

 


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