Folha de S. Paulo


Caro homem, mexa-se!

Caro homem, é provável que você não saiba, mas hoje (15) é o seu dia. Pelo menos aqui no Brasil. Em outros países, o Dia Internacional do Homem é comemorado em 19 de novembro. Um dos objetivos da efeméride é alertá-lo para a sua saúde, que anda mal, sinto te dizer.

Vocês vivem, em média, sete anos a menos que nós mulheres. Têm quatro vezes mais chances de morrer de causas violentas (homicídios, acidentes, suicídios) do que nós. Sofrem mais doenças do coração, câncer, diabetes, colesterol alto etc etc. A lista é longa.

Mas, em geral, não estão preocupados com prevenção. Sem falar que fogem do médico como o diabo foge da cruz.

Muitas pesquisas já mostraram isso. A mais recente é da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), realizada em parceria com a Bayer, que mostrou que 51% dos homens não vão ao médico com regularidade e não fazem como rotina exames preventivos. Foram ouvidos 3.500 homens acima de 40 anos em sete cidades brasileiras.

O estudo também revelou o que muitas de nós, que temos pai, marido ou filhos, já estamos carecas de saber: dos homens que vão ao médico, 90% são levados pela mulher.

E quando vão, não raras as vezes são as companheiras que relatam ao médico a lista de problemas do parceiro. Inclusive questões vitais para ele, como a virilidade. Alguns médicos relatam que é comum a mulher procurá-los antes da consulta do marido para relatar queixas de disfunção erétil, por exemplo.

O pior não é a dificuldade de falar com o médico. É não falar com ninguém. Na recente comédia espanhola "O Que os Homens Falam" isso fica claro. Um dos personagens está sofrendo de impotência, mas seu melhor amigo só fica sabendo porque a mulher dele fala sobre a situação.

Aliás, o filme é uma ótima oportunidade para chegar um pouco mais perto do universo masculino. O diretor Cesc Gay privilegia nos diálogos dos oito personagens a descomplicação masculina.

Deixa evidente também a falta de culpa de vocês. Nem nos momentos de profunda merda ela aparece. O filme trata mais dos fracassos emocionais, mas eu arriscaria trazer a discussão para o campo da saúde.

Será que é a falta de culpa que os deixa tão descuidados assim com a saúde? Ou é o fato de estarem sempre tão superprotegidos (pela mãe, pelas irmãs, pela mulher, pelas filhas) que os faz se sentir onipotentes? Ou será apenas o medo, a insegurança em expor suas fragilidades?

Seja o que for, é hora de rever os seus conceitos, caro homem. A era do "ter alguém que cuida de mim" está acabando. É melhor você se mexer. Literalmente.


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