Folha de S. Paulo


Estranhamentos

RIO DE JANEIRO - A taxa de homicídios, principal indicador de violência, é alta no Brasil (26,2 por cem mil habitantes). Essa média, no entanto, parou de crescer em 2003. A taxa vem caindo em alguns Estados, como São Paulo e Rio, e sobe em outros, como Alagoas.

O encarceramento –que, como as mortes violentas, afeta mais os pobres e jovens– triplicou em 20 anos, chegando a 269 por cem mil habitantes. Boa parte do aumento deveu-se à repressão a traficantes do varejo.

Iniciativas bem-sucedidas para reduzir a insegurança, como a das UPPs no Rio, baseiam-se na conclusão de que é inviável acabar com as drogas. Seu objetivo é reduzir a violência do tráfico, sem a pretensão de eliminá-lo.

A realidade, portanto, é mais complexa do que sugerem leitores que demonstram, em cartas ao jornal, aprovação das execuções públicas no Irã e pedem mão dura no combate à criminalidade aqui.

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Professores das universidades federais estão em greve há quase dois meses, sem que ninguém, nem o governo, preste atenção. O movimento pede um plano nacional de cargos e salários. Argumenta que não houve valorização da carreira correspondente à expansão das instituições.

A reivindicação soa justa, mas a paralisação é estranha. Os professores recebem salários e mantêm atividades de pesquisa. Alunos da graduação são os mais prejudicados. Grevistas dizem ter apoio dos estudantes, mas estes não pressionam as autoridades. O MEC está parado.

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Depois de 12 anos na Folha e seis meses escrevendo neste espaço às quintas-feiras, mudanças profissionais me levam a deixar o jornal. Muito obrigada à Direção da Redação, que confiou no meu trabalho, e aos leitores que me deram sua atenção.


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