Folha de S. Paulo


Saci e 'ralouim'

Benjamim, que andou bem sumido dessas modestas crônicas, resolveu aparecer. Veio me contar na semana passada que tinha um compromisso muito importante, a festa de "ralouim" do Tiê. Passou a semana falando de dente de vampiro, medalhão e capa.

Eu, na minha santa ignorância, perguntava: "Mas não é o Drácula?" E ele respondia, com visível superioridade e com quase um tiquinho de impaciência: "Não, mãe, não é esse Drácula, é o vampiro!" Mães não entendem nada, eu sei. E já que eu não entendo nada, posso me perguntar 20 mil coisas a respeito do "ralouim" (é Halloween, mas, seguindo a maneira como Benjamin pronuncia, essa grafia me parece mais adequada).

Tem gente que acha um horror essa mania de importar festas americanas e que o tal do "ralouim" tinha que ser a festa do saci ou do curupira.

Concordo e discordo.

Aliás, descobri, com o passar do tempo, que ninguém precisa ser radical. Por exemplo: Sou radicalmente contra substituir símbolos culturais locais por estrangeiros. Mas também sou radicalmente a favor de festa, qualquer festa.

Então -para usar uma palavra a que meu antigo professor de português era radicalmente contra em qualquer texto- sou radicalmente a favor do saci e do "ralouim". Vampiros e curupiras conviverão pacificamente na festa que iremos fazer no próximo ano, a do saci "ralouim".


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