Folha de S. Paulo


Bichos saem dos trilhos

Dá para ouvir o "tique-tique" da mudança de luz no semáforo entre o ronco de moradores de rua. São 2h35 de uma segunda, sinalizam os ponteiros do relógio do Mosteiro São Bento. No subsolo de um dos cartões-postais da cidade, a 30 m de profundidade dentro da estação de metrô, uma equipe armada de capacetes, máscaras, borrifadores e lanternas ilumina cada buraquinho, examina os vãos, vasculha os esconderijos, mira as fendas.

São os caçadores de pragas.

Na lista dos procurados, bichos como ratos, baratas, moscas, aranhas e pernilongos —ainda mais agora, que a cidade enfrenta uma epidemia de dengue. Estações como São Bento, Sé e República, circundadas por lojas de comércio popular, lanchonetes e outras espeluncas, demandam um cuidado extra, por causa do acúmulo de lixo.

Sabe aquela mísera migalhinha de bolacha que caiu no banco do trem ou na plataforma? É um banquete para essa bicharada.

O trabalho segue pautado pelo ciclo de vida dos bichos: a desratização, por exemplo, ocorre a cada 60 dias. A desinsetização se repete de três em três meses. Os homens de máscara seguem por 4 km de trilhos. Até as 4h30, a operação irá se arrastar ainda pela superfície, por um raio de 50 m da vizinhança das estações.

Os caçadores adotam um rodízio de veneno para evitar que as pragas se adaptem: a cada ciclo é trocado o princípio ativo dos produtos de combate. Sachês com iscas venenosas são distribuídos em pontos estratégicos para exterminar o inimigo número um: os ratos. Com seus dentes incisivos, eles destroem o cabo de sinalização e energia de tração, o que pode paralisar a circulação dos trens, segundo o biólogo Wilson Barbosa Siqueira, 54. Entre os roedores, ele identificou três tipos: ratazana, que chega a 500 gramas, rato de telhado ou de forro, com no máximo 250 gramas, e camundongo, cujo o peso não passa de 50 gramas. Pequenino, não? Mas faz um estrago...

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NÃO QUERO NEM COMO VIZINHO

"O Ed Motta. Vai que acordo de veneta, me recuso a falar com ele palavras básicas em inglês, disparo uma saraivada de regionalismos e ainda resolvo liberar a passagem só depois que ele cantar 'Manuel', com direito a muitos gritinhos!"

Marcos Noyori, 50, arquiteto. Pinheiros

Danilo Verpa/Folhapress

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DIA DE DOMINGO

Divulgação

Dalua, 40, mestre de capoeira e percussionista. Vila Madalena

MANHÃ
Pedalada na ciclovia entre os parques Villa-Lobos e do Povo, com os meninos lá de casa, Antônio e João.

TARDE
Gosto de almoçar com a família no Piselli ou no Leôncio (r. Girassol, 284). Depois, recebo amigos para tocar percussão em casa e fico de papo ou dou uma passada na tradicional roda de capoeira, na República.

NOITE
Costumo ir ao Ó do Borogodó (r. Horácio Lane, 21), que, além de ser perto de casa, sempre me garante música boa e a presença de grandes amigos.


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