Folha de S. Paulo


Jardim Minhocão

Na aspereza do concreto, eis que floresce a vida: frágil, remota ou passageira. Foi o que testemunhou a artista visual Laura Lydia, 35, em suas andanças por um dos símbolos da feiura paulistana, o Minhocão.

Atenta às pequeninas fissuras e rachaduras daquele "rio de aço do tráfego", nas palavras do poeta Carlos Drummond de Andrade, Laura se deparou com cerca de 1.500 ervas daninhas, plantas que, no aglomerado de matéria orgânica, resistiram à emissão constante de poluentes, ao sol forte e às enxurradas típicas de verão. Dedicou-se, então, a mapear as espécies, ignoradas em boa parte pelos pedestres que ali circulam quando a via está livre do vaivém frenético dos automóveis e da barulheira e do fumacê de seus motores.

Dessa experiência resultou o projeto Ervas SP, contemplado pelo prêmio Funarte Mulheres nas Artes Visuais 2015. Com a ajuda de um biólogo, catalogou aproximadamente 40 espécies, sendo que 34 delas passaram por intervenções artísticas.

Nascida na Espanha, de mãe inglesa e pai francês, Laura começou a se interessar pelo trabalho quando morou na avenida São Luís, cinco anos atrás. "Instigada a entender a metrópole na sua complexidade, passei a olhar as miudezas do chão em contraponto com os enormes edifícios." Na apuração discreta do olhar, a artista se surpreendeu com o que encontrou: "Quando me deparei com essas plantinhas, encarei-as como uma metáfora da vida", disse.

Até uma muda de jacarandá apareceu no caminho de Laura, bem na altura do largo do Arouche.

Um vídeo, no qual as plantas são protagonistas da paisagem urbana, será exibido neste domingo (12), no elevado, junto com uma oficina, que pretende levar os visitantes a uma expedição pelo "jardim suspenso".

Alguns brotos, que davam tênues sinais de vida, foram arrancados, mas muitos deles voltaram a germinar. É poesia no cenário inóspito da metrópole: "É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio", diria o bardo de Itabira.

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NÃO QUERO NEM COMO VIZINHO

"O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB). No condomínio, qual seria sua articulação? Assumiria as negociações em prol de quem? Dos moradores? Poderia ajudara gente a sair deste buraco e resolveria nossos problemas ou agiria pensando nele e no seu grupinho, visando apenas sua ascensão?"

Pérsio Medeiros, 59, engenheiro. Moema

Beto Barata/Folhapress

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DIA DE DOMINGO

Greg Salibian/Folhapress

Anelis Assumpção, 34, cantora e compositora. Vila Romana

MANHÃ
Se amanhece ensolarado, ficar em casa curtindo as plantas é a pedida. Trabalhar no jardim, replantar, espalhar minhocas. As crianças adoram. Quando decido comprar novas mudas ou acessórios para o jardim, vou à loja da Cobasi, pertinho de casa.

TARDE
Quando não rola almoço de família, passeio pelo bairro com meu filho e meu cachorro. Adoramos a praça Waldir Azevedo (a do Mirante), em Alto de Pinheiros. Depois, uma parada na casa de alguém pra tomar café e ouvir um disco, como o do Clube da Esquina. Também gosto do café da Vilinha.

NOITE
Às vezes, acontece de esticar na casa de alguém, e o café virar um vinho. A noite de domingo pode ser um mistério.

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MEU LOOK É ASSIM...

... "De um showman. Procuro me vestir condizente com meu show, que é romântico. Em respeito ao público, procuro colocar roupas diferentes, com mais brilho do que normalmente um artista usaria. A roupa faz parte do meu show."

Reinaldo Kherlakian, 60, cantor. Morumbi

Divulgação

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