Folha de S. Paulo


Eu frevo, sim

Quase natural como quem dá um espirro, a bailarina, passista e pesquisadora Flaira Ferro, 24, saltou para a foto que ilustra esta página. Durante a sessão, entre outros tantos pulos, ela fez ainda contorcionismo de dar inveja ao povo da ioga.

É com esse jogo —literalmente— de cintura que Flaira vem mostrando o gingado do frevo em um terreno ainda árido para essa dança de ritmo frenético. A moça ora dá aula no Instituto Brincante, de Antônio Nóbrega, na Vila Madalena, ora dança em saraus nas ruas de Pinheiros e ainda guarda fôlego e tempo para saltar em meio a crianças e adolescentes da periferia de São Paulo. É dançarina nos espetáculos do projeto "O Circo Chegou!", que percorre escolas das zonas sul e leste da capital.

Karime Xavier/Folhapress
Flaira Ferro, 24, bailarina, passista e pesquisadora
Flaira Ferro, 24, bailarina, passista e pesquisadora

Para Flaira, se fosse coisa, o frevo seria um "grão de areia perdido na imensidão desta cidade, que abraça toda a diversidade". Como se fosse por encomenda, a moça nasceu num dia de festa: em 20 de fevereiro de 1990. Caçula de uma família de quatro filhos, estimulados pelos pais a alimentar vínculos com a cultura popular, a menina tinha apenas seis anos de vida quando participou de um dos "blocos-ícones" do Carnaval brasileiro, o Galo da Madrugada.

Desfilou pelas ruas vestida de odalisca, o que lhe garantiu o título de musa mirim do Carnaval do Recife. "Mainha viu que eu levava jeito", conta, com aquele sotaque tipicamente pernambucano.

Nem era Quarta-Feira de Cinzas quando um sinal chegou para avisar que a festança não teria fim: os ovos comprados na mercearia de Dona Grinalria vieram embalados em jornal. Nele, Flaira se deu conta de que havia um anúncio do curso de frevo. Era a única menina de classe média de uma turma de 20 crianças que viviam nas favelas da Ilha de Joaneiro e Santo Amaro. Logo se enturmou e não parou mais de dançar. "O frevo virou quase uma religião na minha vida", diz a moça, que também canta.

Há três anos, essa crença começou a ser pregada na maior metrópole brasileira. "Percebo que aqui o frevo está vivo nas manifestações do povo como o hip-hop americano."

Então, bota para "frever", Flaira!

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NÃO QUERO NEM COMO VIZINHO

Erika Moura, a Globeleza. Bonitinha ela é, mas, quando a vejo, me lembro daquele sambinha grudento, quase monossilábico. 'Lá vou eu, lá vou eu, hoje a festa é na avenida.' Não, obrigado, eu não vou.

José Ferrer, 48, designer de joias, Mooca

Eduardo Knapp/Folhapress

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NUMERALHA

50 mil
É a previsão diária de pessoas que vão passar pelas arquibancadas e pela pista do sambódromo paulistano nos desfiles que ocorrem na próxima sexta (13) e no sábado (14) de Carnaval

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DIA DE DOMINGO

Zanone Fraissat/Folhapress
Thobias, 56, da Vai-Vai
Thobias, 56, da Vai-Vai

Thobias, 56, da Vai-Vai

MANHÃ
Sou uma exceção, pois sempre acordo cedo, inclusive aos domingos. Depois de um saboroso café da manhã, é hora de caminhar pelas ruas da Aclimação com meu cachorro, Banzé, 6, e aproveitar para queimar um pouco as calorias.

TARDE
Providencio o almoço, começando por uma visita à padaria Basilicata (basilicata.com.br), no Bexiga. Saboreio um prato da culinária italiana e, após o almoço, descanso um pouco, antes de encarar os ensaios da Vai-Vai, aos domingos, a partir das 19h.

NOITE
Ao som da bateria, com muita energia, comando o ensaio da Vai-Vai no meu Bexiga. Os preparativos para o Carnaval estão a todo o vapor, e nós suamos a camisa. Após o ensaio, uma salada e antepastos da Cantina C... Que Sabe! (cantinacquesabe.com.br), ali pertinho. Mas estou de regime. É tudo "light" (risos).

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MEU LOOK É ASSIM...

...diria que é uma coisa assim, tipo "mamãe-fitness"

Beatriz Recalde, 24, produtora de moda, Higienópolis

Lucas Lima/Folhapress

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