Folha de S. Paulo


Até que ponto a sua visão de mundo é influenciada pelo noticiário?

Antes de começar o dia, você abre o jornal ou liga a TV para assistir as notícias matinais. Afinal, começar o dia bem informado pode poupar você de perder tempo no trânsito naquele trecho interditado pela manhã para obras, bem como as notícias do mercado e do cenário político podem influenciar os rumos das suas decisões profissionais ao longo do expediente.

Não dá para negar o poder que as notícias têm para impactar nossas vidas, mas será que as conclusões que tiramos a partir de tudo que absorvemos dos noticiários realmente nos levam a tomar as melhores decisões?

Você lê, por exemplo, que uma pesquisa com 400 pessoas apontou que o governador do seu Estado tem 60% de aprovação. A matéria traz ainda a repercussão com duas fontes para apontar possíveis motivos para o bom desempenho do político, o que corrobora para que você dê credibilidade à pesquisa.

Mas você já parou para refletir o que essa amostragem de 400 entrevistados realmente significa para você? Ao seu ver, a representatividade dessas 400 pessoas é suficiente para que você molde sua opinião? Ainda que você não fizesse parte do grupo de pessoas que apoiam o governador, você poderia admitir que o político tem força, com base no que leu.

Existem dois fatores aqui que podem ser cruciais para definir sua confiança na notícia: a fonte dela e o fato de possivelmente não ser tão criterioso quanto a amostragens.

Se a pesquisa tivesse sido divulgada em um blog partidário, que costuma ser tendencioso, você teria facilidade em contestar os dados apresentados e rejeitaria os resultados. Mas o mesmo senso crítico é aplicado quando você vê o carismático âncora de jornal apresentando a notícia?

Da mesma maneira, você facilmente poderá perceber a enorme diferença de credibilidade que existe entre fazer uma pesquisa de popularidade política com oito pessoas e outra com uma amostragem de 5 milhões de pessoas. Em contrapartida, o mesmo levantamento feito com 200 pessoas ou com 2.000 pessoas não tem tanto poder de interferência em seu julgamento em função da amostragem.

Na psicologia, um fenômeno chamado efeito halo ajuda a explicar como seu julgamento sofre interferências com o que você vê em um primeiro momento. No fim das contas, o cérebro necessita encontrar sentido naquilo que enxerga e as suas impressões contaminam sua capacidade de julgamento.

A tendência é confiar demais, muitas vezes precipitadamente. Se você acha um político carismático, sua tendência é confiar nas decisões dele. Isso está diretamente relacionado ao efeito halo. Da mesma forma, uma informação no jornal que esteja embasada por números e pelas opiniões de duas ou três pessoas terá fortes chances de convencer você.

Por mais que muitas vezes as notícias possam auxiliar, deixar o senso crítico em segundo plano pode ser bem arriscado. Quantas vezes uma notícia sobre o mercado fez você tomar uma decisão errada quanto a um investimento? Quantas vezes as pesquisas não corresponderam à realidade? Esteja sempre atento, o noticiário pode ser um instrumento para ajudar no dia a dia, desde que você não restrinja aquilo que acredita somente no que vê.

Post feito em parceria com Karina Alves, editora do site Finanças Femininas.


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