Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

As Bolsas americanas fecharam em queda na sexta-feira (19), devido as preocupações com relação a crise na Grécia. Na semana, porém, os principais índices americanos tiveram desempenho positivo e estão próximos a níveis recordes, impulsionados pela indicação "dovish" (tolerante em relação à inflação em termos de política monetária) dada pelo Federal Reserve (banco central americano).

O Dow Jones, Nasdaq Composite e o S&P 500 registraram ganhos de 0,6%, 1,3% e 0,8%, respectivamente, na semana.

Os Estados Unidos apresentaram evidências de que o mercado de trabalho está caminhando para uma condição saudável, com os números de pedidos de seguro-desemprego caindo em 12 mil na semana passada em relação à semana anterior.

O índice de preços ao consumidor daquele país também apresentou desempenho positivo, com avanço de 0,4% no mês passado, o maior desde fevereiro de 2013. O maior responsável pelo aumento do índice foi o preço da gasolina, que subiu 10,4%, e o custo de energia, que teve aumento de 4,3%.

Apesar de tais dados, os membros do Fed acreditam que a atividade econômica está em "expansão moderada", demostrando cautela com a atual situação econômica. Assim, o Fomc (comitê de política monetária do Fed) decidiu, na última quarta-feira (17), manter o juro básico americano entre zero e 0,25% ao ano, confirmando as expectativas. A autoridade, no entanto, deixou sinais de que ainda em 2015 pretende elevar a taxa.

A maioria das Bolsas europeias fechou em leve alta na sexta-feira (19), apesar da falta de acordo entre a Grécia e seus credores internacionais. Os índices FTSE 100 (Inglaterra) e CAC 40 (França) fecharam em leves altas de 0,04% e 0,25%. Já o alemão DAX caiu 0,54%.

Quanto a questão na Grécia, já é um consenso de que existe a necessidade de uma negociação com os credores e de destravar os empréstimos até o fim de junho, quando deve ser pago € 1,6 bilhão ao FMI (Fundo Monetário Internacional).

Nesse sentido, o Banco Central Europeu elevou o teto da linha de liquidez de emergência em € 1,1 bilhão, garantindo sobrevivência aos bancos gregos.

Além disso, a União Europeia aprovou, na última quarta-feira (17), estender as sanções econômicas contra a Rússia até janeiro de 2016, afim de o pressionar para o cumprimento do cessar-fogo no conflito da Ucrânia.

Na zona do euro, o índice de preços ao consumidor teve aumento de 0,2% em maio em relação ao ano anterior e de 0,3% em 12 meses. Na União Europeia, a taxa anual de inflação também foi de 0,3% no mês de maio, segundo a Eurostat.

Quanto aos mercados asiáticos, a maioria fechou a sexta-feira (19) em alta, com exceção de Xangai. Um dos fatores que pesaram no avanço foi a decisão do Banco do Japão de conservar o afrouxamento monetário.

Assim, os índices Nikkei 225 (Tóquio), o Hang Seng (Hong Kong) e o Kospi (Seul) fecharam em altas de 0,92%, 0,25% e 0,25%, respectivamente. Já o Xangai composto caiu 6,42% devido a preocupações com a liquidez na China.

O banco central do Japão prevê que a inflação ficará em torno de zero nos próximos meses, devido principalmente a fatores fora de controle, como os preços baixos do petróleo há um ano. Contudo, as autoridades monetárias acreditam que os preços devem voltar a aumentar no fim deste ano e o BC japonês continua confiante em bater a meta de inflação de 2% até meados de 2016.

Nos próximos dias serão divulgados o PIB trimestral da França e dos Estados Unidos, e a produção industrial de maio do Japão. Além disso, também ocorrerá o discurso do Governador do Banco da Inglaterra (BoE) na próxima sexta-feira (26).

PANORAMA BRASIL

O Ibovespa terminou a semana em alta, mas perdeu, na sexta-feira (19), grande parte dos ganhos da quinta-feira (18) devido a várias notícias negativas nos âmbitos macroeconômico e corporativo.

O IPCA-15 e o IBC-Br mostraram inflação e contração na atividade maiores do que o esperado pelo mercado. Com isso, o Ibovespa fechou a sexta-feira (19) em alta de 0,9%, com as principais ações, como as preferenciais (sem direito a voto) de Petrobras, Bradesco e Itaú, fechando em baixas de 2%, 1,94% e 1,12%. Já a ação preferencial da Vale e a Ambev tiveram leves altas de 0,11% e 0,53%.

O dólar fechou com valorização na última sexta-feira, acompanhando o movimento da moeda no exterior. Isso devido às preocupações com relação à Grécia, e às notícias negativas do mercado brasileiro..

Com isso, o dólar comercial subiu 1,33%, fechando a última sexta-feira a R$ 3,101, e acumulando queda de 0,51% na semana e de 2,63% no mês.

Foi registrado um saldo negativo de 115.599 empregos formais em maio, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, enquanto a expectativa era de uma perda de 50,6 mil vagas. O setor que mais demitiu foi o industrial, seguido pelo de serviços, construção e comércio, e o único setor que teve saldo positivo, foi o agropecuário.

O IPCA-15 de maio para junho subiu de 0,6% para 0,99%, devido principalmente ao aumento dos preços dos alimentos, segundo o IBGE. O índice ficou acima do teto do intervalo das projeções de 0,6% e 0,88%. Em relação ao ano anterior o índice registrou alta de 8,8%, mostrando-se acima dos 12 meses anteriores (8,24%) e o resultado anual mais elevado desde dezembro de 2003, quando registrou 9,86%.

Os indicadores divulgados mostram atividade econômica mais fraca e devem levar o PIB brasileiro do segundo trimestre a cair 1,5%, segundo o Itaú, mostrando uma queda maior do que a estimada anteriormente pelo banco, que era de 1% para esse período.

Isso porque os resultados do IPCA, junto aos outros indicadores econômicos mais fracos, devem levar a uma decisão de aumentar a taxa de juros, além possível diminuição na produção e aumento do desemprego, criando um cenário econômico desafiador.

Nos próximos dias serão divulgados o fluxo cambial estrangeiro, a taxa de desemprego de maio e o IGP-M de junho.

Post em parceria com Giulia Porfirio André, graduanda em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas e consultora pela Consultoria Junior de Economia, CJE-FGV


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