Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

As principais Bolsas americanas fecharam em queda na ultima sexta-feira (12). A Nasdaq foi para 5.051 pontos e o índice industrial Dow Jones a 17.898 pontos.

O mais importante da semana foi o anúncio oficial do FMI sobre a sua retirada das negociações no âmbito da dívida grega. A situação, que pairava sob a indefinição, parece caminhar para o resultado que os credores temiam.

Entre as mais importantes "blue-chips" (ações mais negociadas) em queda ficaram a ExxonMobil e a Chevron, ambas do setor petrolífero, com baixas de 1,26% e 1,24%, respectivamente.

Um estudo realizado pelo Banco Mundial apontou que o aumento da taxa de juros de longo prazo nos EUA, que pode acontecer na segunda metade do ano, segundo analistas, deve reduzir em até 40% os fluxos de capitais para os países emergentes.

Esse aumento pode provocar uma maior volatilidade nos mercados financeiros globais e acarretar um aumento da taxa de juros de outras potencias econômicas. Com um custo de capital mais alto, os países que não adequarem a sua política fiscal e elevarem a confiança para o credor internacional podem sofrer forte recessão.

O "Dollar Index", indicador que mensura o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta de divisas, recuou 1,21% na semana, em movimento de correção de preços.

Após a divulgação dos dados do mercado de trabalho americano superarem expectativas, a elevação do dólar foi exagerada, e a correção foi inevitável.

Boatos de que o presidente dos EUA, Barack Obama, havia apontado como negativo o alto valor da moeda americana contribuiu para a inflexão. O dólar já preocupa os exportadores dos EUA que têm sua demanda reduzida com a falta de competitividade dos preços.

As Bolsas europeias fecharam a semana em baixa, o DAX (Alemanha) recuou 1,20% , o CAC 40 (França) caiu 1,41% e o FTSE 100 fechou com queda de 0,90% (Inglaterra).

Os mercados estão apreensivos em relação ao possível calote grego e suas implicações na cadeia de pagamentos, embora o Banco Central Europeu e o governo alemão tenham anunciado que estão preparados para contornar o desfalque.

Os mercados de ações na Ásia prosseguiram em alta. O índice Hang Seng (Hong Kong) subiu 1,4% e o Xangai Composto (China), 0,9%. As Bolsas foram tracionadas pelos dados de expansão do mercado de varejo e do relatório do mercado de trabalho nos EUA.

A expectativa de aumento das exportações contagiou investidores, a despeito de uma possível redução de ganhos com o aumento da taxa de juros do Federal Reserve (banco central dos EUA).

Especialistas preveem que a China cresça abaixo de 7% em 2015. O enfraquecimento do comércio, da produção industrial e dos investimentos em ativos fixos são os principais sintomas de desaceleração econômica observados pelo mercado.

Para esta semana, é aguardado o índice da produção industrial americana, a taxa de juros dos EUA, vendas no varejo britânico e pronunciamento do banco central japonês.

PANORAMA BRASIL

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou a última sexta-feira em baixa de 0,64%, acompanhando as principais Bolsas mundiais.

A questão grega não poupou o mercado brasileiro, com destaque para Cyrela (-4,02%) e Natura (-3,41%). Os ânimos também foram aquecidos com boatos de uma possível volta do CPMF, mas o ministro Joaquim Levy (Fazenda) segue firme de que não cogita expandir a carga tributária.

O dólar se valorizou em relação ao real na última semana, fechando na sexta a R$ 3,11, com um ganho semanal de 0,25%. A expectativa é que a moeda continue a se valorizar sobre o real após a redução dos contratos de dólar futuro do Banco Central (swaps).

Segundo o diretor de pesquisas para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, a estratégia de Levy faz sentido, pois com um real relativamente mais barato, a balança comercial deve se fortalecer, estimulando as exportações.

Na última terça-feira (9), o Governo Federal anunciou um "pacote de infraestrutura" (PIL) envolvendo concessões de portos, aeroportos e rodovias com uma expectativa de investimento de R$ 198 bilhões.

Com o programa, as exportações e importações devem ser barateadas e ganhar maior agilidade, inserindo o Brasil em uma posição mas favorável na cadeia de valor global. Desses R$ 198 bilhões, R$ 70 bilhões devem ser aplicados entre 2015 e 2018.

No último fim de semana, Levy se pronunciou confiante de que a inflação deve arrefecer para o final de 2015 e deve começar 2016 em ritmo mais baixo, de forma a cumprir a meta (de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos) no final de 2016. Segundo ele, o aumento ou criação de novos impostos está descartado.

Para a semana são aguardados os índices de preços ao consumidor do IBGE e as vendas do varejo anualizadas.

p(tagline)Post em parceria com Douglas Moreira de Gouvea, graduando em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia, CJE-FGV


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