Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

Os índices acionários de maior relevância dos Estados Unidos fecharam em queda na última semana de abril. Essa queda foi causada por dados que sugerem uma desaceleração do crescimento econômico americano. Com isso, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq encerraram a semana com desvalorização de 0,3%, 0,4% e 1,7%, respectivamente.

De acordo com os dados divulgados pelo Departamento de Comércio, o PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos cresceu a uma taxa anualizada de 0,2%. O avanço, porém, veio abaixo da expectativa dos analistas, que era de 1% de aumento.

Os fatores que mais impactaram nesse resultado foram os investimentos em estruturas não residenciais, que diminuíram 23,1%, e o deficit na balança comercial, que aumentou para o total anualizado de US$ 522,1 bilhões. Os causadores disso foram, respectivamente, a diminuição do orçamento das empresas petrolíferas diante dos menores preços dos combustíveis e o dólar mais apreciado em relação às moedas dos parceiros comerciais dos Estados Unidos.

Além disso, o PMI industrial americano, índice dos gerentes de compras do setor manufatureiro, registrou o menor nível em três meses. O índice ficou em 54,1, o que indica expansão em relação ao mês anterior. No mais, foi divulgado que os consumidores ampliaram seus gastos em 0,4%, maior número nos últimos quatro meses.

Seguindo a tendência dos Estados Unidos, as principais Bolsas europeias acumularam desvalorização na última semana de abril. Os índices DAX, CAC 40 e FTSE-100 apresentaram desvalorizações de, respectivamente, 3,02%, 2,74% e 1,2%. O mau desempenho foi impulsionado principalmente por empresas exportadoras, como a Bayer e a Volkswagen.

No Reino Unido houve forte desaceleração do PIB no primeiro trimestre de 2015. O produto cresceu 0,3% entre janeiro e março, menor taxa trimestral desde o último trimestre de 2012. Apesar de o indicador estar abaixo do esperado, economistas dizem que o evento é passageiro e que a economia deve crescer com mais vigor em breve.

Já na zona do euro, a confiança do consumidor continuou a se exaurir em abril, segundo dados da Comissão Europeia. O dado veio de acordo com o esperado por analistas. Entre as economias mais significativas, a confiança da Alemanha e da França se deteriorou, enquanto a da Espanha se recuperou.

Quanto aos preços, houve estabilidade do índice anual de preços ao consumidor, segundo dados preliminares da agência Eurostat. Os setores de serviços e de bens industriais não energéticos apresentaram variação positiva, fato que foi ofuscado pela queda de 5,8% nos preços do setor de energia.

Na Ásia, em linha com os Estados Unidos e a Europa, a Bolsa de Tóquio fechou a última semana de abril com desvalorização de 2,51%.

A produção industrial do Japão teve queda em março. O índice caiu 0,3%, ante expectativa de 2,3% de queda. Na China, o PMI ficou estável em 50,1 em abril, indicando leve expansão. O PMI de serviços ficou em 53,4.

No mais, a inflação no Japão subiu em março pela primeira vez em um ano e o banco central japonês optou por manter a política monetária inalterada, comprando cerca de US$ 670 bilhões de ativos por ano.

Nos próximos dias sairão dados de produção industrial dos países europeus, dados referentes ao mercado de trabalho americano e informações sobre a balança comercial do Reino Unido e da China. Além disso, haverá a decisão da taxa de juros do Reino Unido, tomada pelo banco central inglês.

PANORAMA BRASIL

O índice Ibovespa encerrou abril com ganho de aproximadamente 10%, acumulando alta de 12,3% no ano. Entre as ações que mais contribuíram para a alta do índice estão as do Bradesco, da Petrobras, e principalmente, da Vale, que teve ganho de mais de 20% no mês.

Já o dólar encerrou a semana com valorização frente ao real, diante de expectativas ligeiramente mais positivas em relação à economia americana. Com isso, a moeda americana se valorizou 1,77% na semana, diminuindo a queda mensal, que ficou em 5,72%. O mês de abril se encerrou com o dólar comercial cotado a R$ 3,01.

O Copom (Comitê de Política Monetária) optou por aumentar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual. A Selic passou de 12,75% para 13,25% ao ano, em linha com o que era previsto pelos economistas.

Em comunicado, a Confederação Nacional da Indústria disse que o reajuste da Selic dificulta a retomada do crescimento e pediu para que o ajuste monetário e fiscal fosse compensado por medidas de estímulo à competitividade. Já o FMI disse que o Brasil precisa de um ajuste fiscal equivalente a 2,5 a 3% do PIB, mesmo que isso gere um baixo crescimento, para que a relação dívida/PIB entre em trajetória de queda.

Os índices de confiança apresentaram resultados mistos: o do setor de serviços subiu pela primeira vez no ano, enquanto o da indústria atingiu o menor nível em mais de nove anos, segundo a Fundação Getulio Vargas. Além disso, o comércio varejista espera que as vendas a prazo caiam 3,6% nas vendas de dia das mães, de acordo com o SPC Brasil e a CNDL. A inadimplência das empresas cresceu 12,1% no primeiro trimestre de 2015, dado que corrobora o fraco desempenho recente da economia brasileira, segundo dados da Serasa Experian.

Nos próximos dias será divulgada a produção industrial e o IPC anual e mensal do Brasil.

Post em parceria com Jairo Rytenband, graduando em Economia pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia


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