Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

Na última sexta-feira, os índices americanos Nasdaq Composite e S&P 500 atingiram níveis recordes, principalmente devido aos altos lucros de algumas grandes empresas do setor de tecnologia. O índice Nasdaq subiu 0,71% e estabeleceu uma nova marca histórica pela segunda sessão seguida, acumulando alta de 3,3% na semana. O índice Dow Jones e o S&P 500 subiram, respectivamente, 0,12% e 0,23% no último pregão da semana.

O aumento preocupa os analistas, que temem um "grande descasamento entre o fluxo de investimento em ações e os preços", já que os investidores continuam a reduzir sua exposição a ações, mesmo com os preços atingindo máximas nesta semana. Desse modo, segundo analistas do Bank of America Merrill Lynch, os riscos de correção vão crescer na ausência de novos fluxos de entrada de investimento nas próximas semanas.

A economia americana apresenta sinais positivos. A venda de bens duráveis aumentou 4% em março, invertendo a tendência vista no mês passado, quando houve uma baixa de 1,4%. O Departamento de Comércio explicou que o aumento se deu principalmente pelas vendas em equipamentos de transportes.

Apesar do cenário positivo, os novos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA somaram 295 mil na semana encerrada em 18 de abril, um aumento de 1.000 em relação à anterior. O total de pessoas sob o seguro soma 2,325 milhões. O número não assusta, uma vez que a atual média móvel das últimas 4 semanas, de 2,308 milhões, é o menor nível desde 23 de dezembro de 2000.

Os índices das principais Bolsas europeias fecharam a última sessão da semana em alta, indiferentes a mais uma negociação inconclusiva da dívida grega. O índice FTSE 100, de Londres, fechou em alta de 0,24%, puxado pelas ações do HSBC, que fecharam o dia em alta após o banco ter divulgado retomada de estudos para uma mudança da sede da instituição, hoje em Londres, para fora do Reino Unido.

Em Frankfurt, o Índice DAX avançou 0,74% com a forte leitura para o índice de confiança empresarial da Alemanha em abril. Em Paris, o índice CAC-40 encerrou a sessão com ganho de 0,44%, com destaque para as ações da Renault, que estiveram entre as que mais avançaram nesta sexta-feira (24).

A Alemanha reviu para cima suas previsões de crescimento para este ano e para o próximo. Para ambos, a expectativa é de crescimento de 1,8%, ante o crescimento de 1,5% em 2015 e 1,6% em 2016 previsto anteriormente. O ministro da Economia do país, Sigmar Gabriel, destacou que o gasto do consumidor é o principal motor da recuperação.

Já o setor industrial da zona do euro perdeu dinamismo em abril. O índice registrou 51,9 pontos no mês, indicando expansão menor do que os 52,2 pontos registrados em março. Os países que mais sentiram essa perda foram França e Alemanha.

Os mercados acionários asiáticos encerraram em tom positivo na última quarta-feira (22). Em Tóquio, o Nikkei 225 subiu 1,13%, encerrando em 20.133,90 pontos. Foi a primeira vez em 15 anos que o índice fechou acima de 20 mil pontos.

Os agentes ficaram animados com a notícia de que a balança comercial foi superavitária pela primeira vez em três anos. Já em Xangai, o índice acionário Xangai Composto teve alta de 2,44%, fechando no maior nível em sete anos.

O governo do presidente Xi Jinping anunciou querer reduzir a dívida chinesa, que atualmente se encontra em 282% do PIB do país. O país tem perspectivas de desaceleração do crescimento e, se os níveis de empréstimo continuarem subindo, em algum momento a capacidade do país de rolar o crédito já existente e bancar novos projetos será afetada.

A atividade industrial chinesa recuou em abril para o menor nível em 12 meses, conforme pesquisa preliminar do HSBC/Markit.

Nos próximos dias serão divulgados o PIB dos EUA no primeiro trimestre.

PANORAMA BRASIL

A Bolsa subiu 4,89% na semana passada, impulsionada pelas ações da Vale, de bancos e de outras estatais, graças à melhora da percepção de risco dos investidores em relação ao Brasil após a divulgação do balanço da Petrobras. As ações da Vale pegaram carona na recuperação dos preços das commodities no mundo. Nas últimas três semanas, o preço do minério de ferro na China saltou 23%.

O dólar fechou em queda perante o real pelo quinto pregão consecutivo, voltando ao menor nível desde 3 de março. A melhora do apetite a risco no cenário externo, com o aumento do preço das commodities, e a expectativa do aumento do fluxo de recursos no mercado local têm sustentado a valorização do real.

O dólar comercial caiu 0,91%, alcançando R$ 2,9537. Com isso, a moeda americana acumulou queda de 2,72% na semana e de 7,47% no mês. Paulo Celso Nepomuceno, estrategista da Coinvalores Corretora, não vê espaço para uma queda maior do dólar e acredita na recuperação a moeda americana, prevendo um câmbio de R$3,30 no fim do ano.

O "câmbio amigável", acima de R$ 3 por dólar, e as importações sem crescimento deverão levar o Brasil a reverter o resultado da balança comercial este ano, de modo a não registrar deficit como no ano passado. Para Ivan Ramalho, secretário-executivo do Ministério da Indústria, Comércio e Desenvolvimento haverá recuperações nas exportações, tanto para os EUA, quanto para a América do Sul e África. Também confia em alta das exportações para países que estão crescendo como Colômbia, Peru, Chile e Bolívia.

Na próxima semana serão divulgados o índice de confiança do consumidor da FGV e a Taxa de Desemprego.

Post em parceria com Matheus Pellegrini Dias, graduando em Economia pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia


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