Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

Após a publicação do relatório de empregos nos Estados Unidos e os revezes criados pela liberação dos índices industriais americanos, a tendência de arrefecimento sofreu uma inflexão e a última semana foi marcada por desempenhos positivos. O índice Dow Jones avançou 0,55%, o Nasdaq Composite teve expansão de 0,43% e o índice S&P 500 apresentou alta de 0,52%.

Segundo especialistas, o centro das atenções dos investidores no mercado americano é a política fiscal que está sendo reconfigurada pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).

Jeffrey Lacker, presidente do Fed de Richmond, defendeu na sexta-feira que o banco central deve subir os juros em junho. No que se refere aos efeitos causados pelo anúncio do payroll da semana retrasada, muitos analistas encararam os índices como pouco reveladores e atribuem o mau desempenho à greve nos portos e a outras condições circunstanciais passageiras.

Na semana passada, o Departamento de Energia americano (Doe) divulgou parecer sobre o volume de petróleo estocado pelos EUA. A instituição estima que houve um significativo aumento nos estoques de barris na semana.

O American Petroleum Institute (API) divulgou cálculo que apontou um aumento de estoque de 12,2 milhões de barris no período. O contexto de oferta excessiva do produto foi reforçado nesta semana pelo pronunciamento do ministro do petróleo da Arábia saudita, Ali al-Naimi, que reportou uma produção recorde no mês de março, com um volume de 10,3 milhões de barris por dia.

Os principais índices europeus fecharam a semana em alta. O Stoxx600 encerrou com valorização de 0,92%, para 412,93 pontos. As maiores elevações foram do DAX, de Frankfurt, com 1,71%. Em grande parte, o otimismo do mercado está associado ao programa de aquisições do Banco Central Europeu, que comprou 60 bilhões de euros em títulos na zona do euro, oferecendo maior liquidez para o mercado e contribuindo para um cenário mais positivo no que diz respeito aos riscos de uma deflação crônica.

Em Portugal, foram comprados 10 bilhões de euros em títulos de dívida pública e cerca de 48 bilhões de euros se destinaram ao mercado secundário de dívidas dos órgãos supranacionais, como o Fundo de Estabilização Europeu. A parcela da dívida grega foi honrada na sexta-feira, após rumores de que o ministro das finanças grego solicitaria um adiamento. O valor pago ao FMI (Fundo Monetário Internacional) totalizou 460 milhões de euros.

A semana foi marcada pelas fusões e aquisições na Europa. Na quarta-feira (8), a Royal Dutch Shell acertou a compra do BG Group por 47 bilhões de libras, configurando a maior operação de consolidação do ramo de petróleo e gás dos últimos dez anos.

Especialistas do setor especulam que outros movimentos semelhantes estariam próximos de acontecer; motivados pela oportunidade de se criar sinergias que reduzam custos, a fim de resguardar as margens em um cenário de baixa do preço do petróleo.

As Bolsas na Ásia e Pacífico fecharam a semana em alta. O índice Xangai encerrou a semana com valorização de 4,41%. Em Hong Kong, o avanço foi de 7,90% no índice Hang Seng. Em Seul, o índice Kospi registrou elevação de 2,07%. Segundo o especialista David Welch, o mercado americano parece estar sobrevalorizado, o que estimula a migração de fluxos de investimento para Ásia, e que grande parte dos aportes são procedentes da Europa e EUA, evidenciando essa tendência.

Os indicadores de preço na China têm demonstrado um ambiente prolífico para investimentos. O índice de preços ao consumidor (CPI) chinês subiu 1,4% em março, repetindo o ritmo do mesmo mês do ano anterior. Além de uma previsibilidade que tem aumentado a confiança dos investidores, o índice tem apontado um aumento da demanda por consumo. Aos produtores, o índice PPI, se manteve nas expectativas com queda de 4,6%.

Para esta semana, haverá pronunciamento do BCE sobre a taxa de juros, a divulgação do PIB chinês e da produção industrial anualizada, o índice de produção industrial mensal dos EUA e o índice de vendas no varejo mensal.

PANORAMA BRASIL

O Ibovespa rompeu o patamar de 54 mil pontos impulsionado pelas valorizações significativas da Petrobras e das principais instituições financeiras do país. O índice fechou na última sexta-feira com alta de 0,76% e teve valorização de 2% na semana. Segundo analistas, uma das razões para a alta é o fluxo firme de capital estrangeiro: o mercado acredita que a estatal cumprirá o prazo para divulgação dos balanços do terceiro e quarto trimestre de 2014.

O dólar fechou na sexta-feira com variação positiva de 0,02%, para R$ 3,07, mas registrou queda de 1,86% na semana. A recente estabilização do real tem refletido uma confiança relativa do mercado, principalmente no que tange as medidas de ajuste fiscal. No entanto, com a gradual retomada das expectativas sobre o mercado americano e as turbulências do governo Dilma, os rumos do par dólar/real são incertos.

O FMI divulgou na última sexta-feira um documento reduzindo as projeções para a economia brasileira em 2015. O órgão estima que o PIB cairá 1% neste ano, ante projeção anterior de expansão de 0,3%. Por outro lado, o fundo elogiou a proposta de ajuste fiscal prometido pelo Ministério da Fazenda e pela equipe econômica.

A meta para o superavit primário - recursos destinados para o pagamento dos juros da dívida pública - será de 1,2% do PIB. Segundo o FMI, o ajuste deve recuperar a credibilidade brasileira no cenário internacional e favorecer o crescimento. O documento completa avaliando que a desaceleração brasileira está associada à redução do preço das commodities e ao esgotamento do sistema de estímulo ao consumo implementado pelo ex-presidente Lula.

Para esta semana, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, participará de reunião do FMI em Washington (EUA). Entre os objetivos do encontro está explicar a abrangência do novo programa fiscal e o plano de fazer concessões para investidores internacionais na área de infraestrutura.

Post em parceria com Douglas Moreira de Gouvea, graduando em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia


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