Folha de S. Paulo


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A alta do dólar vem aterrorizando os ganhos de todas as empresas americanas. Com isso, a semana foi mais uma vez de baixa para as Bolsas dos EUA. Na última sexta feira (13), o Índice Dow Jones teve queda de 0,8%, o S&P 500 caiu 0,6% e a Nasdaq recuou 0,4%.

A constante apreciação da moeda americana tem como principais causas a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) antecipe o aumento das taxas de juros. Além disso, os EUA crescem a taxas muito mais elevadas que outros países desenvolvidos. Isso faz com que as exportações americanas se tornem mais caras, o que deteriora os lucros gerados em outras moedas ao serem mandados para os EUA.

Analistas acreditam que um quarto das exportadoras reduzirão planos de investimento devido à valorização cambial. Com isso, o país em vez de ter uma expansão anualizada do PIB de 2,4% nos três primeiros meses terá uma expansão de "somente" 1,9%.

Além disso, os preços de bens e serviços também serão impactados, já que diminuirão ao longo do tempo. Isso dará um poder de compra ainda maior às famílias que já se beneficiam do baixo preço da gasolina. A moeda será uma espécie de freio para a inflação.

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) avaliou que a produção de petróleo em 2015 deve declinar. Espera-se que o ritmo de crescimento da produção caia à metade no fim do ano. Isso pode fazer com que o preço do barril no mundo todo volte a subir, impactando várias economias.

Na zona do euro, a produção industrial, apesar do euro fraco, caiu 0,1% em janeiro, graças à retração da produção de bens duráveis e de bens intermediários.

Apesar de muita preocupação com a Grécia, o país conseguiu honrar todos os vencimentos referentes ao mês de março. Nesta segunda-feira (16), o país pagou a terceira parcela, no valor de 560 milhões de euros, referente ao empréstimo do FMI (Fundo Monetário Internacional).

O BCE confirmou o início da estratégia de afrouxamento monetário (Quantative Easing), que visa comprar bônus soberanos para conter a deflação e estimular a economia. Isso fez com que o euro se depreciasse ainda mais em relação ao dólar, que chegou a ser cotado a 1,0853 euro.

O primeiro-ministro chinês prometeu agir para cumprir meta de expansão do PIB e para aumentar a confiança da economia. Apesar de o FMI prever um crescimento de 6,8% neste ano, o premiê afirmou que lutará pela meta de 7% ao ano em 2015.

Além disso, deixou claro que se o enfraquecimento da economia provocar uma onda de desemprego ou afetar a renda da população, não hesitará em usar as políticas públicas que diz ter à disposição.

Para os próximos dias, espera-se a divulgação do índice de preços ao consumidor da zona do euro. Além disso, é aguardado um discurso tanto da presidente do banco central americano, Janet Yellen, quanto do BCE, Mario Draghi.

PANORAMA BRASIL

As preocupações com as manifestações contra o governo fizeram com que o dólar encerrasse a semana a R$ 3,2496. Isso porque as manifestações criaram expectativas de que será ainda mais difícil uma implementação, por parte do governo, de um ajuste fiscal. Outro fator que assombra os investidores é a possível perda do grau de investimento do país.

Esse cenário, somado às atuais preocupações políticas e econômicas e à véspera do vencimento de opções sobre ações, estressaram a Bolsa no fim da semana. Na sexta feira, o Ibovespa fechou em baixa de 0,58%. O resultado da semana foi um recuo de 2,77%.

Na última semana, as expectativas dos analistas de mercados para a atividade econômica e para a inflação continuaram a se deteriorar, segundo o boletim Focus.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) passou de 7,77% para 7,93%. A estimativa do dólar ao final de 2015 era de R$ 2,95 e passou a R$ 3,06, enquanto a projeção para a inflação em 12 meses subiu de 6,53% para 6,58%.

Somado a isso, o boletim ainda prevê que o PIB deve cair pela 11ª semana seguida. Agora é esperada uma queda de 0,78% em 2015, ante retração de 0,66% na semana anterior.

A expectativa da produção industrial também caiu. A queda, antes projetada a 1,38%, passou a ter uma estimativa de recuo de 2,19% neste ano.

Para o ministro da fazenda, Joaquim Levy, o ajuste fiscal é fundamental para o crescimento do PIB. Ele ainda afirmou que o governo está cortando gastos.

O orçamento prevê um crescimento de 0,8% para o PIB de 2015. Já a previsão de analistas é de que haja uma recessão de 0,8%. Mesmo assim, Levy disse que, do ponto de vista gerencial, olhar as receitas e despesas projetadas não é o que interessa, já que são números que antecedem os ajustes.

Por último, a Fiesp indicou que o ano de 2015 é mais um com expectativas de perdas de emprego. A indústria paulista fechou 9.100 postos de trabalho em fevereiro, uma retração de 0,74% em relação ao mês anterior.

Post em parceria com João Pedro Freire Martins de Lima, graduando em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia


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