Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

Os principais índices acionários americanos subiram no mês de fevereiro. Para os analistas, esse avanço foi em parte ocasionado pela estabilização dos preços do petróleo e pelo anúncio de um programa de afrouxamento quantitativo feito pelo Banco Central Europeu. Com isso, os índices Dow Jones e S&P 500 fecharam o mês com alta de 5,64% e 5,49%.

O Nasdaq Composite subiu 0,9%, retornando à marca dos 5.000 pontos desde março de 2000. Dow Jones e S&P 500 avançaram, respectivamente, 0,86% e 0,59%, também em níveis recordes.

Por outro lado, a semana não foi positiva para a atividade econômica americana. Segundo dados divulgados pelo Departamento do Comércio, o PIB do país cresceu 2,2% no quarto trimestre 2014, e não 2,6%, conforme previa a estimativa inicial para o período.

Um dos fatores decisivos para a baixa do PIB foi o estoque das empresas, que contribuiu menos para sua evolução do que o inicialmente estimado, sinalizando uma tendência de curto prazo menos favorável ao crescimento econômico neste início de ano e a possível insustentabilidade do ritmo de crescimento de 4,6% e de 5% nos segundo e terceiro trimestres de 2014.

Além disso, o prolongado ajuste negativo dos preços de energia, junto à morna demanda global e ao fortalecimento do dólar, começam a sinalizar que influenciam o reajuste de outros bens e serviços dos EUA, já que o índice de preços ao consumidor tem permanecido modesto. A presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Janet Yellen, acredita que o efeito do ajuste negativo dos preços de energia sobre a inflação será transitório, já que os preços do galão de gasolina voltaram a subir desde o início de fevereiro.

Na Europa, as principais Bolsas fecharam em alta modesta na sexta-feira (27), na expectativa do lançamento do programa de afrouxamento monetário do Banco Central Europeu a partir de março. Assim, os índices, Dax e CAC 40, de Frankfurt e Paris, avançaram 0,66% e 0,83%, enquanto o índice FTSE 100, de Londres, registrou queda de 0,04% e encerrou o mês com uma valorização de 2,9%.

A leitura revisada do PIB do Reino Unido apontou crescimento de 0,5% no quatro trimestre de 2014, em linha com as expectativas dos analistas. Já a primeira estimativa para os investimentos empresariais no quarto trimestre apontou queda de 1,4% ante o trimestre anterior, apresentando a maior queda do investimento empresarial desde o segundo trimestre de 2009.

As economias sueca e dinamarquesa também apresentaram avanço no quarto trimestre de 2014 e acabaram por crescer acima do esperado pelos analistas. O PIB sueco avançou 1,1% em relação ao terceiro trimestre, em vez de crescer os 0,5% estimados pelo mercado. Já a economia dinamarquesa cresceu 0,4%, acima da expectativa de 0,2% dos analistas.

Na Ásia, a Bolsa de Tóquio se destacou e fechou a última sexta-feira com avanço de 0,06%, após a compra agressiva de ações da Sony e da Fast Retailing, e manteve a alta performance de 2,5% da semana.

O banco central da China anunciou, antes do esperado pelos analistas, o corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros do país, que passa a ser de 5,35%. Esse foi o segundo corte em menos de quatro meses, indicando que o governo chinês está preocupado com o ritmo de desaceleração econômica do país, que vem sendo sustentado pelo mercado imobiliário em queda e pelo aumento dos custos de empréstimos para empresas.

Nos próximos dias será realizado o discurso de Yellen em uma conferência de imprensa do BCE. Além disso, será divulgado o PMI de Construção e de Serviços do Reino Unido e a Balança Comercial da China.

PANORAMA BRASIL

A Bolsa brasileira encerrou fevereiro com ganho de 9,97% acumulando alta de 3,15% no ano. Com a retomada do otimismo com o governo, as estatais se destacaram e apresentaram avanço: Petrobras PN, Vale PN e Banco do Brasil ON avançaram 3,23%, 0,59% e 3,08%, respectivamente. Em contrapartida, o mês de março começou negativo para a Bolsa brasileira.

Já o dólar começou o mês de março com um recorde. A moeda americana subiu 1,37% e fechou a R$ 2,894, maior patamar desde 15 de setembro de 2004, influenciada principalmente pelo programa brasileiro de intervenção cambial e pela variação da moeda americana no exterior. Na última semana, a divisa acumulou queda de 0,81% e avançou 6,19% no mês de fevereiro.

O índice de confiança do setor industrial recuou 3,4% em fevereiro devido à piora na avaliação da indústria em relação à situação atual e ao maior pessimismo sobre o futuro. Com isso, o indicador chegou a 83 pontos e se mantém, pelo nono mês seguido, em nível considerado "extremamente baixo", ou seja, abaixo de 90,2 pontos.

Para o superintendente-adjunto para ciclos econômicos da FGV/Ibre, Aloisio Campelo, os dados divulgados ainda não dão sinais de que essa fase de contração esteja perto do fim e que o primeiro trimestre de 2015 deve ser o sétimo seguido de retração da produção industrial.

O índice de confiança do setor de serviços também caiu, atingindo uma baixa recorde no mês de fevereiro. O recuo de 5,4% fez com que o indicador registrasse o menor nível da série histórica iniciada em junho de 2008.

Além disso, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) informou em nota que o anúncio de mudança no sistema de desoneração da folha de pagamentos é preocupante, já que o setor vem perdendo competitividade e essa medida impacta expressivamente a capacidade do setor de enfrentar os desafios da competitividade global.

A atividade setor de construção também começou o ano em queda acentuada. O indicador de atividade do setor recuou de 39,4 pontos em dezembro de 2014 para 36,9 pontos em janeiro deste ano.

Por conta disso, o índice de intenção de investimento teve queda de 4,9 pontos em relação a janeiro e ficou em 35,9 pontos em fevereiro, com forte impacto nas perspectivas das grandes empresas do setor, nas quais o índice teve queda de 37,6 para 33,5 pontos.

Nos próximos dias serão divulgados a decisão da taxa de juros, a produção industrial e o IPC anual e mensal do Brasil.

Post em parceria com João Luiz de Cerqueira Cesar, graduando em Economia pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia, CJE-FGV (http://www.cjefgv.com/)


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