Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

Nos EUA, os índices Dow Jones e S&P 500 fecharam a última semana em níveis recordes. Após credores europeus da Grécia concordarem em conceder uma prorrogação de quatro meses no atual programa de resgate, o índice Dow Jones subiu 0,86%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq subiram 0,61% e 0,63%, respectivamente,

O otimismo nos EUA também foi elevado com a criação de empregos e com a queda do preço do petróleo - graças à alta histórica de estoque da commodity no país, que cresceu acima das previsões. Esses fatores afetarão o consumo de maneira positiva, fazendo com que a economia americana cresça mais de 3% neste ano segundo economistas.

Paralelamente, os EUA sofrem com a alta de sua moeda, o que encarece suas importações e barateia suas exportações. Apesar disso, o impacto será modesto na atividade econômica, pois as exportações equivalem a cerca de 12% do PIB americano, enquanto o consumo é responsável por cerca de 70%.

Na Europa, os olhares continuam voltados para o futuro da Grécia e para o conflito na Ucrânia. Após pedir extensão do atual programa de socorro ao país, se comprometendo a fazer reformas "amplas e profundas", a Grécia enviou a lista de reformas ao Eurogrupo (grupo que reúne os ministros das Finanças da zona do euro).

Um funcionário disse ainda que nesta lista há medidas para "enfrentar a crise humanitária". Isso fez com que as principais Bolsas europeias fechassem a segunda-feira (23) em alta, refletindo o entusiasmo do investidor com o acordo.

Enquanto isso, a Ucrânia se posicionou em relação aos conflitos do leste do país, dizendo que só irá retirar o armamento pesado do local quando o cessar-fogo, assinado no dia 12 entre Ucrânia e Rússia, for respeitado. Segundo o porta-voz dos militares, embora a situação na região esteja mais tranquila, a trégua ainda é quebrada com frequência por parte dos separatistas pró-Rússia.

No Japão, o presidente do banco central japonês se posicionou após ser criticado por um ex-ministro da Economia que acredita que as atuais medidas de flexibilização do banco são uma "aposta" e que poderiam causar o caos na economia do país. Ele afirmou que ainda possui "várias" ferramentas à sua disposição para alcançar a meta de inflação de 2%. Acrescentou também que vai empregar essas ferramentas quando necessário e no momento certo para alcançar os objetivos que acredita ser factível.

Além disso, uma pesquisa feita pelo "Japan Center for Economic Research" revelou que, pelos próximos nove trimestres, a economia japonesa deve expandir-se, ainda que em um ritmo moderado, superando de vez a recessão.

Nos próximos dias, nos EUA deverão ser divulgados o PMI de serviços (fevereiro) e o índice de preços ao consumidor. Na zona do euro, além da lista de medidas por parte da Grécia, também será divulgado o índice de preços ao consumidor. Já no Japão é esperada a divulgação do relatório da produção industrial do mês de janeiro.

PANORAMA BRASIL

No cenário doméstico, o Ibovespa encerrou a semana com ganho acumulado de 1,2%, mesmo em meio a incertezas. A alta semanal se deu graças ao vencimento de opções sobre Ibovespa, que garantiu um bom volume à Bolsa.

Apesar de a moeda americana ter se depreciado no exterior, o atual cenário local, com uma piora da perspectiva econômica, limitou a depreciação do dólar. Com isso, o dólar fechou a semana com aumento de 1,67%, a R$ 2,8785 - maior patamar desde outubro de 2004.

Enquanto isso, dados sobre a balança comercial indicam que ela continua sendo deteriorada. No mês de fevereiro, o deficit foi de US$ 1,779 bilhão, acumulando no ano um deficit de US$ 4,953 bilhões. Isso se deve principalmente à queda de exportações de produtos básicos, semimanufaturados e manufaturados.

Outro dado negativo foi o faturamento do segmento de serviços prestados às famílias. No segundo semestre do ano passado, o faturamento subiu apenas 7% em relação a igual período do ano anterior, enquanto a inflação de serviços medida pelo IPCA manteve alta superior a 8% na mesma comparação. Analisando o ano todo, a receita de serviços prestados às famílias cresceu 9,2%, para um IPCA de 8,2%, e essa diferença diminuiu bastante em relação a 2013.

Esses dados podem afetar o desemprego, já que no último trimestre o setor fechou 90 mil postos de trabalho. Posteriormente, a inflação poderá ser afetada e o PIB também.

Por último, o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendeu que, para que o Brasil retome seu crescimento, é fundamental que o país volte a se inserir no mercado global, aumentando suas exportações. Para ele, deve haver uma maior exposição por parte das companhias brasileiras e do governo para entender como a economia pode ser mais agressiva.

Nos próximos dias deverá ser divulgado o indicador da sondagem do consumidor.

Texto em parceria com João Pedro Lima, graduando em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia


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