Folha de S. Paulo


Congele seu cartão de crédito

Quem já visitou apartamentos mais antigos para comprar já deve ter percebido: não existiam closets antigamente. No quarto do casal (a atual suíte master, na linguagem das imobiliárias e corretoras), o que havia era um armário em uma parede para marido e mulher. Mas pegue a planta de qualquer imóvel em lançamento que logo você vê: espaços grandes destinados para o closet do casal.

"Onde as pessoas guardavam as suas roupas?", muitos se perguntam. A realidade é mais cruel do que isso: as pessoas simplesmente não compravam tanto quanto hoje. Graças a uma inovação-chave, o cartão de crédito, o consumismo foi ganhando espaço até precisar de pequenos quartos só para guardar todas as roupas que insistimos em comprar.

O cartão de crédito, junto com a democratização da moda e todos os desejos de consumo gerados pela publicidade para gastar, gastar e gastar, vem gerando outros problemas, além da necessidade de amplos closets: dívidas estratosféricas no cartão e compras por impulso de itens que, muitas vezes, nem são usados.

Como lidar então com o consumismo e a impulsividade?

Uma solução mais caseira - e extrema -, citada por Dan Ariely em "Previsivelmente Irracional", é congelar o cartão de crédito. Isso mesmo: colocar cada cartão em um copo cheio de água e deixar no freezer. Cada vez que você quiser comprar algo no cartão, você terá que esperar algumas horas até ele descongelar, o que dá tempo de sobra para repensar a compra e ver se ela é realmente necessária.

No entanto, hoje já existem dezenas de sites e aplicativos de celular que podem te ajudar nisso. Assim como existem apps para estimular a sua produtividade (que não permitem que você se distraia por tempo demais no Facebook) e segurar a comilança (ao registrar tudo o que você come), outros podem ajudar a controlar seus gastos.

O site brasileiro GuiaBolso mostra exatamente como estão suas despesas, sem que você tenha que montar um orçamento. Nos Estados Unidos, existem apps que dizem quanto você pode gastar por dia e semana.

Já o site Stickk.com, por exemplo, ajuda as pessoas a se comprometerem com seus objetivos com um estímulo muito claro: dinheiro. Você estabelece a sua meta (poupar um valor mensal, por exemplo), faz um depósito no site e indica um juiz para verificar se você cumpriu o que prometeu. Em caso positivo, você recebe o dinheiro de volta.

O ponto todo aqui é usar as ferramentas existentes para ajudar as pessoas a resistir às tentações de curto prazo (mais um sapato, o novo celular) em benefício dos seus objetivos de longo prazo (uma aposentadoria mais rica, comprar uma casa, fazer uma viagem com a família). É difícil - mas isso não significa que você precisa fazer isso sozinho. Com os estímulos certos, fica mais simples de você se dispor a ir atrás das suas metas.

Post em parceria com Carolina Ruhman Sandler, jornalista e fundadora do site Finanças Femininas.


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