Folha de S. Paulo


O gigante chinês e o e-commerce

As vendas pela internet vêm crescendo significativamente em todo o mundo, e no Brasil não é diferente. Nosso país registra as maiores taxas de crescimento mundial em e-commerce. Ainda que estejamos muito longe dos US$ 300 bilhões (R$ 800 bilhões) movimentados no mercado norte-americano, o valor transacionado no Brasil quase dobrou entre 2011 e 2014 (de R$ 19 bilhões para R$ 36 bilhões).

Os brasileiros têm comprado e buscado cada vez mais variedade de produtos e de preços baixos. É aí que entra o Aliexpress, site pertencente ao grupo chinês Alibaba, focado em vendas no varejo. O Aliexpress oferece milhões de produtos de mais de 20 categorias, com preços muitas vezes considerados "imbatíveis"! O Brasil é atualmente um dos três principais países em números de transações do Aliexpress no mundo (só atrás dos EUA e da Rússia).

Segundo o Ibope E-Commerce, a companhia é líder em unidades vendidas no país, com 11 milhões de pedidos entre julho e setembro de 2014, bem à frente das 3,8 milhões de unidades vendidas pelo segundo colocado no mesmo período, o grupo B2W, que reúne as tradicionais marcas Americanas.com e Submarino.

Para ter uma ideia da magnitude desse gigante chinês, o Aliexpress processa um volume de ordens que ultrapassa os volumes somados do eBay e da Amazon. As plataformas comerciais do grupo Alibaba contaram com 231 milhões de consumidores fiéis em 2013 e o volume total de transações do negócio neste mesmo período somou US$ 250 bilhões.

A oferta pública de ações (IPO) do Alibaba, em setembro de 2014, foi um sucesso, alcançando US$ 25 bilhões. O valor de mercado do grupo é estimado em quase US$ 280 bilhões, valendo atualmente mais que alguns pesos pesados da tecnologia, como o Facebook, a IBM, a Oracle, a Samsung e a Intel, ficando atrás apenas da Microsoft, do Google e da Apple.

PÚBLICO FEMININO E PAGAMENTO VIA CELULAR

O Aliexpress reúne vendedores de uma imensidão de produtos, o que permite ao consumidor a aquisição de mercadorias de origem chinesa diretamente de atacadistas e fabricantes do país asiático. As ofertas vão desde vestuário, acessórios, joias, maquiagem e perfumes, até eletrodomésticos e autopeças. Durante o Festival de Compras 11.11 em novembro passado, os cinco produtos mais vendidos no Brasil foram: cardigans, adesivos para telefones celulares, vestidos, camisetas e sutiãs. Um fato interessante é que as mulheres são responsáveis por 60% dos pedidos de brasileiros no site.

A empresa chinesa de e-commerce vem assustando concorrentes no Brasil com seu impressionante crescimento, atribuído principalmente ao fenômeno "boca à boca". A penetração no mercado desta forma vem sendo tão grande que a empresa investe aproximadamente um décimo por mês, em mídia, do que os sites nacionais de grande porte. O Aliexpress também abre mão da utilização de anúncios em sites de busca, como o Google. A presença no sistema de pagamento via celular (uma intersecção-chave entre o comércio eletrônico e o varejo tradicional) também é uma vantagem estratégica.

Apesar de algumas desvantagens significativas, como a demora em receber as mercadorias importadas (que pode chegar a dois meses) e da tributação sofrida pelas importações, o Aliexpress conquistou seus clientes brasileiros. Além dos fatos já citados, possui uma política de trocas que garante a devolução do dinheiro, caso o cliente afirme não ter recebido o produto sem questionamentos.

No Brasil as importações individuais são taxadas para valores acima de US$ 50 para pessoas físicas e a empresa asiática recebe encomendas, na grande maioria, de valores abaixo disso (de R$ 33 ou US$ 12). Outra maneira que a empresa encontrou para driblar a tributação é fracionando as encomendas.

CONTRA A CORRENTE

Mesmo com o desaquecimento da economia brasileira, o mercado de compras online ainda se mostra promissor e as previsões são otimistas. A perspectiva de vendas do Aliexpress confirma essa tendência, visto que, se a empresa continuar no mesmo ritmo de expansão em 2015, deve alcançar faturamento bilionário, acima de R$1 bilhão.

O comércio eletrônico mostra-se extremamente interessante, pois através dele, o consumidor pode rapidamente comparar preços de diferentes lojas, alcançar uma vasta gama de fornecedores e distribuidores (mesmo que internacionais) e pagar com rapidez e segurança, tudo isso na comodidade de sua casa ou na praticidade de um simples clique no celular.

Post em parceria com Daniel Carasso


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