Folha de S. Paulo


Tenho um apartamento financiado e uma reserva. É vantagem quitá-lo?

A pergunta foi enviada pelo leitor C.E.S., de Bruques, Santa Catarina.

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Caso sua opção seja permanecer com o apartamento -visto que em sua pergunta completa você questiona se deve morar no imóvel, alugá-lo ou vendê-lo-, o melhor a ser feito é quitá-lo integralmente para poder então usufruir de seus rendimentos posteriores.

Para tanto, deve-se escolher entre integralizar o pagamento com a reserva disponível ou realizar um financiamento para cumprir com esses custos.

O uso da reserva de capital será vantajoso caso a taxa de financiamento seja superior à taxa de retorno oferecida pela modalidade em que o montante está investido atualmente.

Caso contrário, o melhor é permanecer com a aplicação e ir quitando a dívida aos poucos.

Como o imóvel não será utilizado necessariamente como moradia, poderá ser interessante alugá-lo para gerar retornos futuros.

A rentabilidade obtida por esse meio, no entanto, não se mostra muito vantajosa para o investidor. Essa rentabilidade é dada pela taxa de aluguel, a qual tem permanecido em torno de 0,4% ao mês nos últimos anos.

Tal patamar se mostra significativamente inferior ao oferecido por outras modalidades de investimento de risco menor, como os CDBs de grandes bancos, os títulos do Tesouro vendidos por meio do programa do Tesouro Direto e as letras de crédito, tanto imobiliário (LCIs) como do agronegócio (LCAs), que usualmente têm alcançado a taxa de 0,8% de retorno líquido mensal.

Só valerá a pena imobilizar a renda disponível em um apartamento caso a taxa de aluguel seja suficientemente alta para superar a rentabilidade das ferramentas de baixo risco, uma realidade bastante distante da situação econômica pela qual o país passa atualmente.

Por isso, pode ser interessante vender o imóvel e aportar os recursos em ferramentas mais lucrativas, especialmente porque o mercado já mostra fortes indícios de estar passando por uma bolha imobiliária -como a recente baixa nos valores dos imóveis e o aumento da quantidade de saldões e descontos.

Sob esse ponto de vista, a tendência provável é a continuação das quedas de preços no setor.

Como o Brasil já possui a maior taxa de juros real do mundo e a expectativa é a de que a Selic -taxa básica de juros da economia, definida pelo Banco Central em reuniões a cada 45 dias- continue subindo até 12,5% ao ano ainda no primeiro trimestre de 2015, o investimento em renda fixa tende a ser mais interessante do que a aplicação em ações, uma vez que o retorno por ele oferecido se mostra bastante superior quando ponderado pelo risco a ele inerente.

Estudos publicados anteriormente nesta seção mostraram que a renda fixa superou a Bolsa de Valores no longo prazo histórico em termos de rentabilidade.

Considerando o atual quadro econômico e a perspectiva para o futuro, nada leva a crer que o caminho será muito diferente agora.


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