Folha de S. Paulo


Compra compulsiva é transtorno da atualidade e aumenta a cada ano

A compra compulsiva ou "oniomania" pode ser definida por atos excessivos, incontroláveis e repetitivos em comprar que resultem em prejuízos significativos no funcionamento social, familiar e financeiro.

Segundo a psicóloga Priscilla Lourenço, doutoranda em saúde mental pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), os indivíduos acometidos por esse transtorno apresentam pensamentos invasivos e repetitivos, que tendem a aumentar a fissura em obter, induzindo o sujeito a fazer gastos desnecessários.

O consumo, geralmente induzido pela sociedade, pode fazer com que a compra se torne um mecanismo de compensação para as angústias, buscando com isso a diminuição do sofrimento desse comprador compulsivo, podendo gerar alívio e até prazer.

A "oniomania" prevalece mais em mulheres, estimando-se uma incidência em torno de 2% a 8% da população em geral. O alívio das tensões, causado pelas compras, proporciona ao consumidor, logo após realizá-las, um sentimento de culpa, de remorso e vergonha, criando-se assim um ciclo vicioso.

Esse transtorno pode estar relacionado também a distúrbios que geram vários tipos de compulsões (comida, bebida, sexo, jogo, internet). Portanto, pode ser diagnosticado como uma comorbidade combinada com outros transtornos psiquiátricos, tais como depressão bipolar, TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), entre outros.

Segundo o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, as características da "oniomania" são:

  • Tentativas frustradas de reduzir ou controlar as compras
  • Preocupação excessiva e perda de controle sobre o ato de comprar
  • Comprar para lidar com a angústia ou outra emoção negativa
  • Mentiras para encobrir o descontrole com compras
  • Aumento progressivo do volume de compras
  • Perda de controle sobre o ato de comprar
  • Problemas financeiros causados por compras
  • Prejuízos nos âmbitos social, profissional e familiar
  • Roubo, falsificação ou outros atos ilegais para poder comprar ou pagar dívidas

A psicóloga Priscilla Lourenço afirma também que o transtorno pode acometer com maior frequência pessoas perfeccionistas, com histórico de abandono e com problemas de afetividade, que são as que não compreendem a real necessidade do bem. Ela afirma ainda que esse sofrimento tem remédio, ainda que haja poucos estudos mais aprofundados. "O tema merece atenção e exploração, já que a compra compulsiva é um transtorno da atualidade e aumenta a cada ano", disse.

O tratamento para esse transtorno é buscar um profissional da saúde mental que irá estabelecer a forma mais adequada caso a caso, associando medicamentos e psicoterapia. A cura vai depender do diagnóstico, da intensidade do transtorno e principalmente da resposta do comprador ao tratamento proposto pelo profissional.

Post em parceria com Adriana Matiuzo


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