Folha de S. Paulo


Endividamento e o excesso de crédito oferecido pelo mercado

Segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas), os juros ao ano chegaram a 238% no cartão de crédito, 172% no cheque especial, 103% no crédito pessoal e 23% na aquisição de veículos.

Houve aumento do endividamento, o que está relacionado justamente ao excesso de crédito oferecido pelo mercado nacional. Nos últimos dez anos, o aumento da posição de crédito no Brasil passou de 24% do PIB (Produto Interno Bruto) para 56%.

Com o final do ano e início do ano novo, o mercado realiza os chamados "Feirões Limpa Nome", no intuito de proporcionar aos devedores oportunidades boas para renegociar suas dívidas com seus credores.

É necessário entendermos a importância da educação financeira nesse caso e como podemos usar os recursos financeiros extras que, porventura, tivermos para entrar no ano novo sem dívidas.

Os números dos feirões mostram que são atendidas 20 mil pessoas em média, que cada cliente possui quatro dívidas de R$ 1.000 e que os descontos encontrados podem passar de 40%. As vantagens oferecidas, quando comparadas às negociações tradicionais, são melhores condições de prazos, de juros e de descontos.

Segundo Júlio Leandro, superintendente do Serasa Consumidor, 18 mil dos 20 mil clientes que foram aos feirões conseguiram negociar com sucesso suas dívidas e a sustentabilidade dessas negociações é superior a 80%.

Os descontos, como regra geral, são dados tendo como base os juros acumulados no período corrente da dívida, podendo ser maiores ou menores, de acordo com a taxa de juro da pendência.

A recomendação para o uso prioritário de um dinheiro extra como, por exemplo, o 13º salário é usá-lo para negociar suas dívidas e provisionar o início do ano dando especial atenção ao IPTU, IPVA, à matrícula escolar e ao Imposto de Renda, que ainda está por vir.

Importante ressaltar que todas essas contas podem ser quitadas com desconto caso pagas à vista. No IR não existe desconto, mas pode haver acréscimo, caso pago com atraso.

Ou seja, se você tem um 13º significativo, pode se planejar para gastar um pouco mais, mas sempre pensando em investir parte do dinheiro nas suas dívidas, caso elas existam.

Mas caso você esteja endividado e precise realmente contratar um empréstimo, existem dois tipos de crédito que entendemos como mais interessantes.

A curto prazo, existe o consignado, aquele que vai debitar o valor da parcela acertada do empréstimo diretamente do seu salário mensal. Esse tipo de crédito pode ser oferecido para servidores públicos e também privados, apesar de o mercado focar a oferta desse empréstimo principalmente para servidores públicos e aposentados. As taxas estão em torno de 20% ao ano, mas variam de acordo com o perfil do usuário.

Outra opção é refinanciar um imóvel ou patrimônio (joia ou carro, por exemplo). Essa modalidade de empréstimo tem juros menores, mas certamente só valerá a pena se for para prazos maiores de pagamento, pois os juros não são constituídos apenas por taxas, e sim da combinação de taxa com o prazo. Por exemplo, é preferível dever 100% ao ano por um dia do que dever 99% por cinco anos.

Importante ressaltar que o gerente do banco (o seu ou um outro) tem autonomia para definir a taxa do seu empréstimo. As melhores taxas que você poderá contratar estarão atreladas ao seu poder negociação e ao seu relacionamento financeiro com o banco.

Um feliz ano novo (sem dívidas)!

Post em parceria com Adriana Matiuzo


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