Folha de S. Paulo


Dólar não é boa opção, compre apenas se tiver viagem ao exterior

Quando a economia interna está enfraquecida e/ou instável, as pessoas tendem a buscar instrumentos alternativos de investimento como o ouro e moedas estrangeiras. No Brasil, historicamente, o dólar tem sido um caminho natural.

Mas com a chegada do fim de ano, temporada de férias, e, para alguns, a tão sonhada viagem para o exterior, algumas incertezas e preocupações andam juntas. Como lidar com o atual cenário de instabilidade do dólar e com sua disparada nos últimos tempos? (A moeda chegou a ser cotada a R$ 2,75 nas últimas semanas!)

Apesar de um possível prognóstico de valorização do dólar, principalmente, devido à força da economia norte-americana, uma ilha de recuperação vigorosa entre os países desenvolvidos, deve-se ter um enorme cuidado quando se pensa em investir no dólar.

Segundo o Employment Report divulgado no último dia 05 de dezembro, foram apresentados números bastante otimistas que mostram o crescimento econômico americano.

O estudo mostra que foram criados 321 mil postos de trabalho, com uma taxa de desemprego de 5,8%, sendo que a expectativa era de criação de 228 mil.

Mesmo com esses índices positivos da economia americana, o momento decididamente não é positivo para investir em dólar! Neste momento é um risco enorme, principalmente por conta das suas oscilações constantes.

Além disso, a taxa de juros real (ou seja, acima da inflação) no Brasil é a mais alta do mundo, investir em dólar é abrir mão desse rendimento.

Mas até onde o dólar deve continuar subindo? Uma resposta objetiva é muito difícil, pois é impossível uma previsão no atual cenário econômico nacional e mundial.

Quem afirmar que a moeda vai chegar a um valor "X" ou "Y" estará praticando "futurologia". Não é possível fazermos prognósticos objetivos para curto prazo, pois a alta da moeda tem sido desencadeada por fatores internos e externos.

Na nossa economia, a crise de credibilidade, agravada pelos escândalos e baixas na Petrobras, dificulta qualquer previsão de estabilidade da moeda americana.

Já na economia externa temos o "fator Rússia" (o país está numa forte crise econômica, contaminando assim os mercados mundiais e provocando a valorização do dólar) como o principal elemento que inviabiliza as previsões.

Internamente, os problemas da Petrobras tendem a ter maiores desdobramentos e, com isso, a previsão de como o câmbio irá reagir é uma incógnita.

VIAGENS E INFLAÇÃO

Agora se você tem uma viagem internacional marcada para o próximo mês, neste cenário de alta volatilidade do dólar, recomendamos que faça os cálculos para saber se você dá conta de pagar a viagem. Se perceber que consegue manter os planos, mesmo com a cotação alta, compre logo para não ficar com receio do preço da moeda subir ainda mais e inviabilizar a viagem.

Para aqueles que viajam nos próximos meses, uma estratégia interessante é ir comprando dólares aos poucos. Desta forma você terá um preço médio até a data da viagem o que minimiza o risco.

Sobre a questão inicial de como esta alta pode estar relacionada à inflação, compreendemos que, de imediato, isto não interferirá nos preços, pois as importações já foram feitas. Mas se o dólar continuar subindo, a tendência é que os preços dos produtos parcialmente ou totalmente importados fiquem inflados, impactando assim na alta da inflação a médio prazo.

Resumidamente, se você for viajar deve se planejar, comprando com inteligência nas baixas da moeda! Agora se for pensar em investir, não vale a pena pensar em dólar como estratégia de rentabilidade, pois ele vem oscilando muito, não só subindo, mas caindo também.

Como dissemos, o investimento em dólar se justifica para quem tem uma dívida no exterior (por exemplo, um curso que será feito futuramente) ou para quem vai morar fora do país. Nestes casos, a compra será feita visando manter o seu poder de compra em dólar fora do país.

Boa viagem e invista com sabedoria!

Post em parceria com Adriana Matiuzo


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