Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

A última semana foi de valorização para as Bolsas de Nova York. Os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram, respectivamente, 3%, 3,4% e 2,4%. A alta ocorreu devido à decisão acomodatícia com relação às políticas monetárias dos principais bancos centrais do mundo, especialmente a partir da declaração do Fed (banco central americano) de que não terá pressa em elevar os juros.

Mantendo a série de altas, no início da semana os índices Dow Jones e S&P 500 atingiram recordes de fechamento, pela 50ª vez no ano, alcançando 17.959,44 e 2.078,54 pontos, respectivamente.

A decisão do Fed fez com que as projeções para o juro básico americano no fim de 2015 fossem reduzidas. Com isso, o Fed espera que a economia do país atinja o pleno emprego até o final do ano que vem. Também foi divulgado essa semana que a autoridade monetária acredita que o PIB de 2015 estará entre 2,6% a 3%.

Outros dados positivos foram anunciados nos últimos dias. Destaque para o avanço de 0,6% do índice de indicadores antecedentes, que sinaliza um crescimento moderado para os próximos meses, e a queda do número de pedidos de auxílio-desemprego, mantendo-se próximo do menor patamar em 14 anos.

Além disso, a maioria dos analistas viu com bons olhos o fim o embargo econômico entre Cuba e EUA. Após terem afirmado que os 50 anos de isolamento não foram bons para as economias, nos próximos anos os dois países estreitarão suas relações. O acordo poderá fortalecer o setor privado de Cuba, a partir da exportação americana para a ilha de materiais de construção e equipamentos agrícolas.

Enquanto EUA e UE adotam novas sanções contra a Rússia, o banco central do país anunciou medidas para estabilizar seu sistema financeiro que, de acordo com o ex-ministro de Finanças do país, enfrentará uma "crise econômica completa" em 2015.

Já a zona do euro, que vinha enfrentando um período econômico ruim, registrou uma alta no índice de confiança do consumidor no mês de dezembro. Apesar de estar negativo (em -10,9), o índice mais elevado mostra que os gastos nos próximos meses podem ser maiores, ajudando a economia da região a evitar uma nova contração, ainda que sofra com investimentos fracos das empresas e menores níveis de exportações.

Na Ásia, os dados são de desaceleração para a China, que registrou um PMI de dezembro no nível mais baixo em sete meses. Esse mau desempenho das fábricas pode levar o governo a tomar novas medidas para evitar a retração.

Também em um ritmo de menor crescimento vem o volume das exportações japonesas, que caíram em novembro. O resultado sugere que as vendas para o exterior não podem ser utilizadas para levantar a economia em recessão.

Nos próximos dias serão divulgados o relatório sobre confiança do consumidor dos EUA, a oferta monetária na União Europeia e o discurso do presidente do banco central do Japão.

PANORAMA BRASIL

Na última semana, a Bolsa brasileira subiu 3,44%, mas no mês ainda acumula perda de 9,26%. O Ibovespa caminha para encerrar dezembro no vermelho, pois investidores locais e estrangeiros estão retirando recursos da Bolsa. Já o dólar, após dois pregões de baixa, encerrou a última semana em alta de 0,28%, a R$ 2,6579, e acumula alta de 3,41% no mês.

Nos últimos dias, dados sobre a economia brasileira mantêm a ideia de que o país ainda precisa de muitos acertos para voltar a crescer. O índice de confiança da indústria caiu 0,8% em dezembro, o setor de serviços desacelerou em outubro e a redução na produção em novembro não foi acompanhada pela diminuição dos estoques, sinalizando que a demanda seguiu fraca no último mês.

Esse cenário negativo também contribuiu para a queda nas expectativas dos empresários, que preveem diminuição na demanda, no número de empregados, nas exportações e na compra de matérias-primas. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) espera que a retomada da confiança aconteça somente no meio do ano que vem.

Para o crescimento econômico, as expectativas também se reduziram. O indicador antecedente sinalizou que a atividade em 2015 será restrita, o que é reflexo dos dados econômicos desfavoráveis e das incertezas do mercado quanto ao ajuste da economia brasileira, principalmente em relação à inflação que, segundo o Banco Central, ficará no centro da meta somente em 2016.

Nos próximos dias serão divulgados o IGP-M e a razão dívida/PIB brasileira.

Post em parceria com Isadora Benvenutti Tozi, graduanda em economia pela FGV (Fundação Getulio Vargas) e consultora pela Consultoria Junior de Economia, CJE-FGV


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