Folha de S. Paulo


Indústria brasileira perde 50% de sua representatividade no PIB

A representatividade da indústria brasileira no PIB (Produto Interno Bruto) caiu de 25,5% em 1983 para 13,1% em 2013, segundo levantamento da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

A desindustrialização do país, com uma queda de 12 pontos percentuais registrada nos últimos 30 anos, no Ranking de Competitividade da Fiesp, em comparação com outros países, perde apenas para a Polônia, que amargou uma perda de 13,6 pontos percentuais de participação industrial no PIB daquele país.

No primeiro semestre de 2014, a participação da indústria de transformação na tomada de crédito junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) caiu de 28% no ano de 2013 para 25% - um percentual que chegou a 46% em 2010.

A trajetória de queda, no entanto, não significa necessariamente a indisponibilidade do crédito e deve ser vista como consequência do cenário econômico adverso nos últimos anos.

Segundo dados de outro levantamento da Fiesp, "Efeitos do Ambiente Macroeconômico e das Expectativas nos Investimentos e nos Desembolsos do BNDES à Indústria de Transformação", a participação da indústria nos recursos do banco de desenvolvimento no primeiro semestre de 2014 também foi inferior à fatia registrada em 2008 e 2009, período de auge da crise financeira mundial, de 39% e 44%, respectivamente.

A redução do investimento do BNDES ao segmento de máquinas e equipamentos foi ainda mais acentuada: um recuo de 7,2% este ano.

Para a Fiesp, o BNDES não pode ser considerado responsável por essa queda de participação na indústria, uma vez que o banco teve um papel fundamental para que o investimento do Brasil não caísse mais do que já caiu. E hoje, com essas taxas de juros no Brasil, sem o BNDES é quase que inviável fazer investimentos em infraestrutura ou em projetos de longo prazo de maturação no país.

De acordo com o estudo, a queda da participação da indústria de transformação nos desembolsos do BNDES foi influenciada pela desaceleração das empresas de grande porte, que respondiam por 36% dos desembolsos totais do banco em 2008, caindo para 21% em 2013 e chegando a 19% no primeiro semestre de 2014.

Já as empresas de porte micro e médio-grande aumentaram sua participação nos recursos do banco de 0% em 2008 para 2% em 2013 e no primeiro semestre de 2014. Enquanto as indústrias de pequeno e médio porte continuam este ano com a mesma participação de 2013, 1% e 2%, respectivamente.

Para reverter esse quadro de profunda desindustrialização, na avaliação da federação, a taxa de investimento do país precisa reassumir a rota de crescimento. As projeções, no entanto, são de que a taxa de investimento pode cair para 17% do PIB, ante 18% em 2013.

A Fiesp ainda alerta que os países que tiveram maior crescimento da economia nas últimas décadas foram aqueles que apresentaram uma expansão da indústria média de 8,15% ao ano, com um crescimento do PIB médio de 6,57% ao ano.

Isso mostra que o ponto crucial a ser atacado para a economia brasileira crescer é a possibilidade de o país voltar a investir - a nova equipe econômica promete mais confiança no investimento, mas se a tributação continuar alta, os spreads bancários entre maiores do mundo e a burocracia excessiva, não haverá crescimento.

Post em parceria com Rista de Sousa


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