No fim do ano, abundam sempre os eventos de degustação gratuitos pelas grandes cidades. São mercados orgânicos que fazem eventos gourmet, confeitarias para degustar panetone, até sorveterias que distribuem casquinhas com novos sabores - tudo isso, se o consumidor estiver disposto a ficar na fila.
Quando o produto é grátis, não parece haver desvantagem: você não precisa por a mão no bolso e ainda pode experimentar quitutes e sobremesas deliciosos. Que mal pode haver aqui?
No entanto, o problema é que nunca pensamos no tempo gasto nessas filas. Quanto mais quente estiver o dia, maior a vontade (e a espera) pelo tal sorvete grátis. Só que é justamente o tempo de espera a grande desvantagem das degustações.
Imagine uma pessoa que ganhe um salário de R$ 2.200, dentro da média da capital paulistana. Por dia, ela ganha R$ 100 - são R$ 12,50 por hora de trabalho. Vale a pena ela ficar uma hora na fila para ganhar uma fatia (pequena!) de um panetone que custa (inteiro) R$ 15 no supermercado? A matemática aqui é simples: o valor da fatia deve ser superior ao da sua hora de salário.
No caso do panetone, digamos que são servidas, na degustação, 15 fatias, que custam R$ 1 cada. Para uma pessoa que ganha R$ 12,50 por hora, essa oferta não faz nenhum sentido –vale mais trabalhar uma hora extra e comprar um panetone inteiro para a família.
Para completar, a degustação gratuita é apenas uma estratégia usada para fazer você comprar o produto (o panetone, a caixa de 1 kg de sorvete, a cerveja artesanal, etc.) –que, ainda por cima, estará na promoção. Você fica na fila, experimenta o copinho de vinho, gosta e decide levar a garrafa para casa –afinal, ela está em promoção!
Na próxima vez que você estiver em um evento e descobrir que, se pegar aquela fila imensa, vai poder fazer uma degustação de algum produto, pense duas vezes antes de pegar o seu lugar na fila. Um cálculo rápido do valor da sua hora de trabalho e uma reflexão sobre se você tende a comprar o produto ao final da degustação podem te ajudar a decidir se não vale mais a pena ir direto para o caixa e economizar o seu tempo para algo mais valioso.
Post em parceria com Carolina Ruhman Sandler, jornalista e fundadora do site Finanças Femininas