Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

Impulsionados pelo aumento de confiança do investidor com a saúde da economia dos Estados Unidos, os índices fecharam a semana em alta. Dow Jones subiu 2,6%, S&P 500 teve seu maior avanço semanal desde janeiro de 2013 com uma alta de 4,1%, e Nasdaq Composto avançou 5,3%, o maior avanço semanal desde dezembro de 2011.

Nesta segunda-feira, os índices quase não se alteraram. O índice Dow Jones subiu 0,07%, Nasdaq subiu 0,05%, e S&P 500 desceu 0,15%. Já na terça-feira, todos apresentaram valorização. Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 ganharam, respectivamente, 1,12%, 1,75% e 1,19%.

As atenções estão todos voltadas para a reunião de políticas monetárias do Fed, da qual os investidores aguardam o anúncio sobre o fim do programa de compra de bônus. Mesmo com essas pequenas oscilações na bolsa, os investidores mantêm otimismo para os próximos meses, pois consideram que a economia americana esta se fortalecendo e os balanços corporativos estão melhorando.

Em um cenário econômico global em que há estagnação da Zona do Euro e desaceleração da economia chinesa, os EUA, com perspectivas de crescimento de 3% ao ano, retomam a liderança na contribuição de uma expansão mais forte do mundo.

Isso, pois os EUA são pouco afetados pela atual situação global uma vez que as exportações pesam pouco e seu consumo se mostra forte, com perspectivas de crescimento (equivalente a 70% do PIB), além dos investimentos estarem em recuperação.

Este resultado positivo no consumo pode ser observado no que se refere ao mercado imobiliário. O mês de setembro, em comparação com o mês anterior, teve um aumento de 2,4% nas vendas de imóveis usados.

Porém, ainda não é um resultado de plena recuperação, já que na comparação anual as vendas de setembro recuaram 1,7%.

Outro dado revelado pelos EUA foi o número de pedidos de auxílio desemprego, que cresceu em cerca de 17 mil, levemente acima do previsto. O nível tem permanecido entre os mais baixos da história, embora não afete o processo de recuperação da economia norte americana.

Em fase muito diferente da dos norte-americanos, em uma luta contra a recessão, a Zona do Euro teve um resultado surpreendente no que diz respeito à atividade industrial. Contrariando previsões, pesquisas mostraram que a atividade subiu em outubro, enquanto a economia da Espanha exibiu sinais de recuperação e fábricas alemãs se recuperaram em relação ao mês anterior. Porém, esse resultado não elimina a preocupação com a atual fase europeia, em que cada vez mais o nível de desemprego sobe e o corte de preços se torna inevitável, fazendo com que a União Europeia se aproxime de uma deflação.

Com um papel fundamental nas perspectivas da economia mundial, o atual cenário chinês desperta muita atenção global. Mesmo assim, o governo chinês se mostra confortável em relação à situação econômica que, no terceiro trimestre do ano, teve o menor crescimento desde a crise financeira de 2009.

Os líderes da China afirmam ainda que não se esforçarão para estimular o crescimento. Essa afirmação é, de certa maneira, contraditória às reações do governo nos últimos meses, quando afirmavam necessário um plano de reequilíbrio de consumo no país para reaquecer a economia.

Apesar de todo o globo ser afetado, o Brasil é extremamente prejudicado por ser um grande exportador de commodities em um momento no qual a demanda chinesa não segue os níveis anteriores. Mesmo diante dessa insuficiente na demanda, o indicador PMI chinês, mostrou que o setor manufatureiro do país teve uma leve recuperação no mês de outubro.

Nos próximos dias serão divulgados um relatório CB sobre confiança do consumidor americano, a declaração do Fomc e o PIB dos EUA. Além do IPC anual da Zona do Euro e do PMI de manufatura da China.

PANORAMA BRASIL

A esperança da vitória de Aécio Neves após uma polêmica publicação da revista Veja e após a divulgação da pesquisa Sensus/ISTOÉ fez com que a Bovespa encerrasse o último pregão da semana em alta, embora ela não tenha acumulado um resultado positivo ao longo da semana. A tensão dos últimos dias em relação ao resultado dos presidenciáveis fez com que a bolsa tivesse sua pior semana do ano, com uma queda acumulada de 7%.

Esses mesmos fatores eleitorais influenciaram o recuo do dólar na última dia sexta-feira, embora a moeda tenha encerrado a semana em alta de 1,09% e acumulado uma valorização de 0,40% no mês.

Com a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o Ibovespa operou em queda forte ao longo da segunda-feira pós eleição, chegando a cair ao patamar de 48 mil pontos. O dólar seguiu em alta frente ao real, porém se afastou de expectativas mais radicais de alguns economistas, fechando em R$ 2,53.

A principal causa disso foi o discurso da presidente logo após a apuração dos votos, em que dizia que estaria disposta ao diálogo e parcerias com todas as forças produtivas, o que foi recebido de forma cautelosamente positiva pelos investidores.

Depois de uma forte alta, dois dias após o resultado da eleição, o dólar fechou em queda a R$ 2,47. Isso porque os investidores estão com esperança de uma melhora na atual política econômica brasileira, após discurso em tom conciliador da presidente Dilma. Assim, preferem não fazer apostas contra o real até que a nova equipe econômica seja anunciada pelo governo.

Essa possível esperança dos investidores por um melhor cenário também fez com que a bolsa se recuperasse depois de um dia trágico logo após a reeleição de Dilma Rousseff. O Ibovespa subiu 3,25% chegando a 52.146 pontos.

Em meio à turbulência eleitoral e ao cenário econômico, o Banco Central registrou que o déficit do Brasil no mês de setembro foi de US$7,907 bilhões em suas transações correntes, acima do previsto, acumulando um déficit de US$ 62,730 bilhões no ano. Além disso, outro fator negativo foi o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que depois de subir 0,7% em setembro, recuou 1,5% em outubro. Este recuo mostra-se diretamente relacionado à grande preocupação do consumidor brasileiro em relação ao mercado de trabalho e à inflação.

Somado à onda de más notícias, a FGV prevê que o comércio varejista termine o ano com um crescimento de apenas 3%, o pior em 10 anos. Com isso, a confiança no comércio caiu 10,3% no terceiro trimestre em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. O principal motivo seria a falta de demanda, gerada por um grande endividamento das famílias, além da diminuição do crescimento de rendas e da restrição ao crédito.

Diante do atual momento do país, para uma retomada de confiança da população e dos investidores, é necessário elevar a produtividade e a eficiência da economia brasileira, aumentando os investimentos do governo.

Espera-se na próxima semana a divulgação sobre a decisão da taxa de juros no Brasil além do IGP-M mensal.

Post em parceria com JOÃO PEDRO FREIRE MARTINS DE LIMA, graduando em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia, CJE-FGV.


Endereço da página:

Links no texto: