Folha de S. Paulo


Consumidor confuso

Quando batemos na tecla da importância da educação financeira nas escolas, para muitos pode parecer um projeto utópico, envolvendo planejamento a longo prazo. Mas não deveria ser. Saber lidar com finanças pessoais é um conhecimento básico e fundamental para conseguir viver com qualidade quando somos bombardeados por novos produtos e serviços sendo criados e vendidos o tempo todo para necessidades que nem sabemos que temos.

A educação financeira historicamente foi negligenciada pela escola e pela família no Brasil, mas, diante de um contexto moderno, de estímulo ao consumo e com tanto crédito disponível, não é mais possível que se ignore esse assunto. E mesmo para quem já saiu dos bancos escolares há muito tempo, a falta de conhecimentos básicos sobre finanças pessoais, sem dúvida, é um problema digno de atenção e urgência.

O cenário recém-divulgado por uma pesquisa do Instituto Geoc aponta para um perfil de consumidor confuso, perdido e fácil de ser enganado no país. O Geoc representa 16 empresas do ramo de cobranças.

A pesquisa feita com 110 mil consumidores mostrou, dentre outras coisas, que, nos últimos quatro anos, subiu de 12% para 35% o índice de pessoas que devem por empréstimos ou que estão no cheque especial. No caso do cartão de crédito também houve aumento. O número de pessoas em dívida com o cartão subiu de 42% para 65%.

Dentre os entrevistados, 75% disseram estar com o nome negativado, que não podem fazer compras parceladas ou financiar uma casa, por exemplo. Ou seja, essas pessoas certamente terão que comprometer o 13º salário com essas dívidas (o que é o mais adequado a se fazer, realmente) e possivelmente terão um Natal mais sacrificado, isso num plano mais otimista em que o dinheiro extra seja suficiente para sanar as contas pendentes.

Quem tem dívidas não consegue comprar, não consegue parcelar, nem financiar. Isso é um banho de água fria para o próprio comércio e para a indústria por tabela, além de outros setores. Ou seja, um problema e tanto para a economia doméstica de cada lar, mas também para os negócios no país.

Post em parceria com Adriana Matiuzo


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