Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

Nos Estados Unidos, investidores começaram a semana com cautela na expectativa da divulgação de resultados das empresas listadas na Bolsa de Nova York. Uma das poucas exceções são as empresas de saúde e biotecnologia que registram alta devido ao temor do primeiro contágio por Ebola ocorrido em um Hospital no Texas, reacendendo preocupações quanto à gravidade da doença.

Na última semana, os índices Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 tiveram queda de respectivamente 0,69%, 2,33% e 1,15%.

Analistas acreditam que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) vai adiar o aumento da taxa de juros devido a dados negativos da economia alemã e principalmente pela diminuição da perspectiva de crescimento mundial do último relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional).

Essa hipótese segue em linha com a afirmação do Presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, que assegurou que ainda há um longo caminho até que o desemprego seja reduzido e até que a inflação se aproxime de 2% para que o banco central americano comece a subir a taxa de juros.

Além disso, outro membro do Fed, Daniel Tarullo, afirmou que a produtividade é um desafio para a economia americana e que ela deve receber tanta atenção quanto o aumento da demanda agregada.

Na zona do euro, analistas aumentam as expectativas de uma nova recessão. Demanda interna fraca e diminuição da demanda de países estrangeiros, como a Rússia, afetam a produção industrial da região, que apresenta estimativa de queda de 1,5% em agosto.

Para melhorar a situação do continente, é consenso entre alguns analistas que um aumento no investimento em infraestrutura poderá elevar o potencial de crescimento da região.

Enquanto isso, na França a agência de classificação de risco S&P colocou a perspectiva da nota do país como "negativa", dada a previsão de deficit de 4,2% do PIB de 2014 a 2017 divulgada pela agência. Os governos da zona do euro alertaram a França de que o país não receberá tratamento especial caso descumpra o limite de deficit fiscal de 3% do PIB estabelecido pela União Europeia.

Já a Rússia, na tentativa de melhorar sua economia, fechou cerca de 40 acordos com a China nas áreas de energia, finanças e tecnologia. Essa parceria será positiva para Moscou, que busca contrabalancear o isolamento que o país vive imposto pelos EUA e pela União Europeia.

Na China, foi a divulgada a balança comercial de setembro. As exportações do gigante asiático tiveram alta de 15,3%, enquanto as importações tiveram alta de 7%. Isso garantiu um superavit de US$ 31 bilhões. Segundo analistas, o superavit ajudará a China a combater os problemas do setor imobiliário do país, mesmo com perspectiva de crescimento global desfavorável.

No entanto, os dados da balança comercial chinesa ainda indicam uma alta dependência da demanda externa. Isso porque boa parte do superavit de setembro se deve ao aumento das exportações do Iphone 6 e a um aumento de 34% nas exportações para Hong Kong, o que é visto com maus olhos por analistas.

Nesta semana serão divulgados índices de preços ao consumidor na China, no Reino Unido e na zona do euro. Nos EUA serão divulgadas as vendas no varejo e o índice de preços ao produtores. Ocorrerão também pronunciamentos dos presidentes do Banco Central Europeu e do Fed, que podem afetar os humores do mercado.

PANORAMA BRASIL

No Brasil, o desempenho da Bovespa continua a ser fortemente influenciado pelo rali eleitoral. Após tombo de 3% na sexta-feira (10), a Bolsa brasileira fechou a última semana com alta de 1,42%.

O apoio da família de Eduardo Campos e Marina Silva e pesquisas que indicam Aécio na dianteira animaram investidores no começo da semana. As ações da Petrobras subiram aproximadamente 10% no início desta semana.

O otimismo eleitoral também pressionou o dólar para baixo, encerrando a semana passada com queda de 1,52%. Assim, a tendência a longo prazo do câmbio é a depreciação.

Já no mercado de trabalho foi divulgado o emprego na indústria, que aponta queda de 0,4% em agosto, segundo o IBGE. O dado vem na contramão da produção industrial, que havia subido 0,7% nos meses de julho e agosto.

Outro destaque é a balança comercial. As duas primeiras semanas de outubro registram um superavit de US$ 140 milhões, no entanto o saldo acumulado neste ano ainda é negativo em US$ 554 milhões.

Na última semana também foi divulgada a projeção de crescimento do PIB brasileiro. Após 19 semanas em queda, a estimativa para a atividade econômica voltou a subir, de 0,24% para 0,28% este ano.
Nos próximos dias serão divulgados o IGP-10 de outubro, IBC-Br de agosto e o IPC-Fipe.


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