Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

O Departamento do Trabalho americano informou que a economia do país gerou 248 mil novos postos de trabalho em setembro, acima da projeção de 215 mil. A taxa de desemprego diminuiu para 5,9%, enquanto analistas previam 6,1%. O relatório também apontou a ausência de pressão de alta dos salários, o que os investidores entendem como um sinal de que a inflação permanecerá contida.

Mesmo assim, alguns dados negativos foram divulgados, bem como o número de novas encomendas feitas à indústria nos Estados Unidos, que diminuíram 10,1% em agosto, invertendo a direção de alta de 10,5% do mês anterior. Além disso, as novas encomendas de bens duráveis cederam 18,4% no oitavo mês deste ano, enquanto em julho houve alta de 22,5%.

O setor de serviços também registrou queda, com a menor taxa de crescimento em quatro meses. Foi constatada também uma queda na confiança do consumidor em setembro após quatro meses seguidos de alta, esse resultado indica que os americanos estão menos confiantes sobre a perspectiva de curto prazo para a economia e divergentes em relação a seus potenciais rendimentos futuros.

Na Zona do Euro, a inflação teve nova desaceleração e registrou o menor nível em cinco anos. Depois de marcar elevação de 0,4% em agosto, o índice de preços ao consumidor subiu 0,3% em setembro em relação ao ano anterior.

Tal queda foi responsável pela desvalorização do euro para sua menor cotação em dois anos em relação ao dólar americano. Esses acontecimentos alimentam as especulações de que o Banco Central Europeu
(BCE) se verá forçado a intensificar suas políticas de estímulo.

Dessa forma, os dados da Zona do Euro continuam mostrando um cenário econômico de baixo crescimento e pessimismo do mercado. A taxa de desemprego permaneceu em 11,5% em em 11,5% em agosto, uma leve melhora quando comparada ao s 12% do mesmo período de 2013.

Além disso, o crescimento da produção industrial da região sofreu nova desaceleração em setembro, refletindo a primeira contração nas encomendas feitas a indústria dos últimos doze meses devido à queda nas demandas doméstica e internacional. O setor de serviços na zona do euro também desacelerou em setembro. O índice que mede essa atividade ficou em 52,4, abaixo dos 53,1 medidos em agosto.

Na China, a última semana foi marcada por protestos. Dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de Hong Kong para exigir democracia plena e a renúncia do governante local.

Fora isso, a atividade industrial chinesa ficou estável em setembro em relação a agosto, mostrando que o crescimento econômico pode ter se estabilizado em nível modesto.

Nessa semana serão divulgados a Produção Manufatureira e a taxa de juros do Reino Unido e o Balanço Comercial chinês. Ocorrerá também uma conferência de imprensa do BoJ (Banco Central do Japão) e um discurso do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi que podem afetar os humores nos mercados financeiros globais.

PANORAMA BRASIL

Na última semana, a bolsa brasileira acumulou perda de 4,67% e o dólar rompeu os R$ 2,50 devido à volatilidade eleitoral. Pelo que tudo indica, essa turbulência de preços deve continuar, ontem por exemplo, a subiu quase 5% e dólar teve queda de 1,43%..

Os dados recentemente divulgados comprovam a situação complicada da economia brasileira. A confiança caiu em setembro e devido ao cenário do primeiro semestre composto por juros altos, menos dias úteis e inflação, o Brasil passará pelo pior ano em vendas desde 2003. Além disso, dados da indústria e da balança comercial brasileira sugerem que a produção doméstica está sendo mais afetada negativamente pela desaceleração do nível de atividade do que pela importação de bens industriais. Como agravante a indústria brasileira se mostrou incapaz de recuperar mercados no exterior.

Apesar de a produção industrial ter aumentado 0,7% em agosto, na comparação com julho quando também cresceu 0,7% e interrompeu quatro meses seguidos de queda, tal melhora não reverte as perdas do setor.

Os dois resultados positivos seguidos não compensam a perda isolada de 1,6% em junho. Soma-se a isso, o fato de a indústria automobilística estar com níveis de estoque elevados, o que leva a uma redução da produção, prejudicando intensamente a indústria brasileira como um todo.

Todos esses dados negativos aumentaram o pessimismo do mercado, em especial o Índice do Medo do Desemprego, que reportou aumento pela sexta vez consecutiva em setembro, alcançando o maior ponto desde 2009.

Mesmo assim, a arrancada do candidato do PSDB, Aécio Neves, na disputa pela Presidência da República deve levar o mercado a reagir positivamente, com os investidores apostando na possível vitória da oposição.

Nos próximos dias serão divulgados o IGP-DI e o IPCA de setembro, além do IGP-M de outubro.

Post em parceria com MARCELO CURY, graduando em pela EESP-FGV e consultor da CJE-FGV


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